A temperatura global deverá subir 1,5ºC ou mais nos próximos 20 anos e, dessa forma, fazer com que cresçam os processos de mudanças climáticas já vivenciados em todas as regiões do planeta. É o que afirma a primeira parte da mais nova edição do Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta segunda-feira, 9.

O documento recebeu a aprovação de 195 governos integrantes do IPCC na sexta-feira, 6, após duas semanas de discussão. Segundo os autores (pesquisadores de inúmeros países, incluindo o Brasil), um acréscimo de 1,5ºC acarretará em ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estação frias mais curtas. Já se o aumento for de 2ºC, os extremos de calor atingiriam de forma mais frequente os limites críticos para a prática da agricultura e a saúde.

Reduções imediatas, rápidas e em grande escala nas emissões de gases de efeito estufa são necessárias, diz o relatório, para impedir que o aquecimento nas próximas décadas seja superior a 2ºC. Desde o período entre 1850 e 1900, as emissões desses gases pelas atividades humanas foram responsáveis por cerca de 1,1ºC de aquecimento global.

Para chegar às conclusão, os pesquisadores analisaram conjuntos de dados observacionais que demonstram o aquecimento ao longo da história e consideraram os avanços da compressão científica sobre o impacto, no clima, da emissão de gases do efeito estufa pelos seres humanos.

Atualmente, explica o relatório, as mudanças climáticas (cujas características estão em grande parte relacionadas diretamente ao aquecimento global) estão, entre outras coisas, intensificando o ciclo da água, o que causa chuvas e secas mais intensas, além de inundações, derretetimento das geleiras e mudança dos oceanos.

Os pesquisadores pontuam que, em terra, as características das mudanças clímaticas são sentidas de forma bastante diferente da média global, de modo que o aquecimento na terra, por exemplo, supera o da média do planeta e o do Ártico – neste caso, em mais de duas vezes. Eles alertam ainda não haver precedentes, em milhares de anos, para muitas dessas mudanças, e que algumas são irreverssíveis de centenas a milhares de anos também. 

Dentre os gases do efeito estufa que contribuem para o quadro, o carbônico (CO2) é o principal. Porém, mesmo reduzindo as emissões de forma forte e sustentada agora, pode demorar de 20 a 30 anos para as temperaturas globais se estabilizarem.