A Polícia Civil do Tocantins deflagrou, na manhã desta quinta-feira (16), a ‘Operação Missing’ para prender dois policiais militares, suspeitos de envolvimento no caso do desaparecimento de Filipe Coelho Siqueira, de 21 anos, visto pela última vez no dia 1º de agosto deste ano. 

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As prisões e buscas foram realizadas nas residências dos policiais militares Felipe Augusto Lovato da Rocha e Ismael Nascimento da Conceição nas cidades de Paraíso e Palmas.

Até o momento, Filipe não foi localizado.

Segundo as investigações, após tomar conhecimento do desaparecimento de Filipe, a polícia apurou que a vítima havia sido colocada em um carro por dois homens.

Abordagem dos PMs

Constatou-se que por volta das 11h da manhã, do dia 1º de agosto, Filipe foi abordado por dois homens na Avenida Campinas, no setor Jardim Paulista, em Paraíso.

Ele foi submetido a uma espécie de revista pessoal, e em seguida conduzido para o interior de um Volkswagen Polo de cor cinza.

O momento da condução chegou a ser flagrado por câmeras de segurança.

“Apurou-se que os dois homens que haviam colocado Filipe no veículo eram policiais militares, inclusive, um deles residia em frente ao local onde Filipe foi revistado. Identificou-se ainda que o carro usado na prática delitiva era de propriedade particular do outro militar envolvido”, informou em nota a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Com Filipe no carro, os policiais militares inicialmente seguiram para a zona rural da cidade de Paraíso e retornaram à zona urbana cerca de 30 minutos depois.

Às 14h36, o veículo retornou para o local inicial, onde abordaram a vítima. Desceram do carro apenas os dois policiais, sem Filipe.

“Confirmou-se o envolvimento dos policiais no caso, que praticaram os crimes por iniciativa própria, não havendo relação das suas condutas com o trabalho desenvolvido pela Polícia Militar. Os policiais são do último concurso”, disse a SSP.

Família denuncia perseguição

TO Dois PMs são presos por suspeita de sequestro de jovem
Jovem desaparecido não tinha passagem pela polícia, era estudante e estava a caminho do trabalho. – Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a família, Felipe Coelho trabalhava como ajudante de pedreiro durante o dia e estudava o último ano do ensino fundamental no período noturno.

No momento em que desapareceu, ele estaria voltando do serviço para almoçar.

Na época do desaparecimento testemunhas afirmaram que após o suposto sequestro o veículo seguiu em direção à estrada de fazendas na zona rural de Paraíso. Esta foi a última vez que o jovem foi visto.

A família reuniu fotos do rapaz e fez diversos anúncios em grupos de redes sociais.

Após a repercussão, o irmão de Filipe afirma ter recebido uma ligação de alguém confirmando que a abordagem suspeita havia sido feita por policiais.

A família afirmou para a imprensa que Felipe não tem nenhuma passagem pela polícia, mas era abordado com frequência pela polícia.

“Dava baculejo, procurava se meu irmão estava com alguma droga, se tinha alguma coisa errada. Tirava foto do meu irmão, que às vezes ele estava sem documento, para saber se tinha passagem ou alguma coisa. Via que não tinha passagem e liberava meu irmão. Se me abordar quatro vezes, ver que eu não estou com nada porque continuar me abordando ainda? […] Só porque usa um short de lona uma aba reta, uma pulseira. Vai julgar? Isso é abuso de poder”, desabafou o irmão da vítima, Alef Siqueira.

PMs tinham envolvimento em casos de tortura

A polícia descobriu que os suspeitos estariam envolvidos com outros crimes, utilizando-se da condição de policial como justificativa.

Os suspeitos ofereciam dinheiro a usuários de droga viciados em crack para que adquirissem drogas em “bocas-de-fumo”, para em seguida, à paisana e utilizando carro particular, executarem buscas clandestinas nestes locais do tráfico.

Nessas buscas, os dois suspeitos apreendiam drogas e quantias, que por vezes não eram apresentadas na delegacia, e sequer efetuavam a prisão do traficante.

Ainda, foram constatadas evidências apontando envolvimento dos suspeitos em casos de tortura. 

A SSP ressaltou que a prisão foi determinada pelo Poder Judiciário do Estado do Tocantins, em razão dos crimes de homicídio qualificado, sequestro e ocultação de cadáver.

Após os procedimentos, os policiais serão encaminhados para cumprirem a determinação judicial nas unidades militares da PM.

Além disso, acompanharam e participaram das diligências a Corregedoria da Polícia Militar e o comando do 8º Batalhão da Polícia Militar de Paraíso, onde os policiais investigados estão lotados.

Nota da Polícia Militar

A Polícia Militar do Tocantins, por meio da Corregedoria, esclarece que acompanhou a Polícia Civil do estado, na manhã desta quinta-feira, 16, nos cumprimentos de mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em desfavor de dois Policiais Militares, em face da Operação Missing, na cidade de Paraíso e Palmas.

Após os procedimentos judiciários, os militares serão recolhidos para uma unidade da Polícia Militar em Palmas, os quais ficarão à disposição para os procedimentos cabíveis.

A Polícia Militar do Tocantins também informa que já havia instaurado Inquérito Policial Militar para apurar o caso, cujo procedimento ainda está em curso.

Por oportuno, a Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade e imparcialidade, no exercício de sua nobre função pública.

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