Uma operação policial realizada nesta quarta-feira (7) desvendou uma situação alarmante em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, localizada na Zona Rural de Palmas, próxima à região do Coqueirinho.
A suspeita era que cerca de 70 pessoas, incluindo pacientes com deficiência intelectual, estavam sendo mantidas em cárcere privado no local.
O casal responsável pela administração da instituição foi preso em flagrante durante a operação.
Segundo informações da Polícia Civil, a clínica operava sem a documentação necessária e submetia os moradores a condições precárias e maus-tratos.
As denúncias levantadas indicam que os pacientes viviam em condições desumanas, com estrutura inadequada e até mesmo com ligações clandestinas de energia elétrica.
Além disso, os espaços destinados a atendimento psicológico tinham grades nas portas e janelas, o que chamou a atenção dos investigadores.
Em uma entrevista exclusiva concedida ao Portal Norte, a cunhada de um paciente, que preferiu não se identificar, relatou o choque ao descobrir a realidade da clínica.
“Os quartos eram uma bagunça, com muita sujeira, odor de urina e quase zero de higiene. Não sabíamos dessa realidade”, afirmou.
A mulher contou que seu cunhado, que tem um quadro clinico de esquizofrenia, retardo e epilepsia, já estava internado há seis meses.
“A imagem que a gente tinha é que a clínica era uma instituição idônea, mesmo porque era essa imagem que a gente recebia, fotos externas. Quando a gente vinha visitar, sempre organizava uma mesa em algum local, sentava a gente, o familiar e o paciente, conversava ali, mas sempre com um monitor por perto. Então, assim, imagino eu que já era uma forma de reprimir para ele não pedir socorro.”
Durante a ação policial, 70 pacientes foram libertos com apoio das Secretarias de Saúde e de Assistência Social do Estado e do Município.
Equipes da Secretaria de Saúde realizaram atendimentos às vítimas no local e ajudaram na identificação e realocação dos pacientes cujas famílias não foram localizadas.
A Justiça determinou a prisão preventiva do casal responsável pela administração da clínica, que agora aguarda julgamento nas unidades penais da capital.
O Portal Norte esteve na clínica, mas a administração do local não quis se pronunciar. Nossa equipe também continua buscando contato com a defesa dos presos para obter mais informações sobre o caso.