O Norte Entrevista deste domingo (11) tem a participação de Alice Freitas, cofundadora da Rede Asta, organização social que apoia empreendedoras do setor artesanal. Mais de 15 mil mulheres são apoiadas pela ONG em programas, como a “Escola de Negócios”, que oferece cursos, círculos, lives e mentorias para conhecimento e aprimoramento de design de produtos, uso otimizado de ferramentas digitais, marketing, precificação, plano de negócio e outras atividades .
Na conversa, Alice conta que, aos 23 anos de idade, quando estava se formando na faculdade, uma amiga a convidou para fazer uma viagem muito diferente, que acabou se transformando em um projeto. As duas foram pesquisar iniciativas sociais que deram certo em quatro países da Ásia: Índia, Bangladesh, Tailândia e Vietnã. Foi o primeiro contato dela com o universo social e é o caminho que segue até hoje.
Chegou ao Brasil com muitas ideias e ainda sem saber como implementar um projeto adaptado à realidade daqui. Decidiu entrar para o voluntariado da ONG AfroReggae, onde ficou por 6 meses e, depois, foi contratada pela organização e seguiu por dois anos.
A partir dessa experiência, onde tinha bastante contato com moradores de comunidades carentes, viu a necessidade de ações voltadas para mulheres. Como não conseguiu desenvolvê-las na AfroReggae, propôs à amiga Rachel Schettino, que tinha vasta experiência na área comercial, a criação da Rede Asta. E lá se vão 18 anos.
Linha do tempo:
2005 – Criação do grupo produtivo com 30 artesãs em Campo Grande (MS).
2007 – Estruturação de uma rede de venda direta e no varejo de produtos feito à mão (duas lojas no Rio de Janeiro e loja online); criação da marca Asta; Investimento da Inter-American Foundation; Investimento do Instituto Ventura; 1º lugar no Prêmio Planeta Casa na categoria Ação Social.
2017 – Criação da Escola de Negócios das Artesãs, para oferecer formação em empreendedorismo e acelerar os pequenos negócios.
2020 – Localizador de Máscara; Lançamento do programa Máscara+Renda.
2021 – Lançamento do movimento Pertinho de Casa, marcando uma nova fase na nossa história da organização; Projeto Mãos e Mentes Paulistanas.
2022 – Lançamento do programa Mulheres+Renda para enfrentamento da pobreza menstrual; Nova marca e ampliação do atendimento para todas as nano empreendedoras do Brasil; Lançamento do documentário Fio do Afeto.
ASSISTA:
DESTAQUES:
Importância do empreendedorismo feminino
“Você ganhar dinheiro com o que você faz te eleva a sua máxima potência. Na hora que você conquista um pouquinho, avança um pouquinho, você ganha muita força na sua autoestima.”
Relatos da mulheres beneficiadas
” ‘Relatos do tipo ‘saí de casa, tomei coragem, saí de casa, porque não tava bom’; relatos do tipo ‘agora eu sei que eu sou uma liderança na minha comunidade’ “.
Papel da Rede Asta
“A gente só entrega ferramentas. Na verdade, o que a gente mais entrega é a confiança nela. Na hora que ela entra pra nossa turma, a gente sabe que ela é uma mulher potente, que é uma mulher ultra capaz e que ela vai empreender, ela vai seguir. Todas são muito potentes.”
O trabalho não parou na pandemia
“Em dois anos de pandemia, a gente produziu 7 milhões de máscaras com 4.400 mulheres costureiras, que estavam vivendo um momento super difícil, sem que elas precisassem sair de casa. Toda a operação montada no WhatsApp. E foi incrível o que a gente vivenciou!”
Combate à pobreza menstrual
“Hoje, a gente está rodando a produção de absorventes de tecido, que são produzidos pelas costureiras da nossa rede e esse absorvente é doado para associações que entregam em doação para meninas que estão vivendo em pobreza menstrual.”
Necessidade de políticas públicas
“É a nano produção que pode gerar uma grande revolução. Se a gente estimular, se a gente tiver política pública de qualidade pra fazer com que essa pessoa que quer empreender com as suas mãos tenha apoio de A a Z.”
Impactos do negócio local
“A gente perdeu o nosso contato com o local e o feito à mão te traz de volta pro seu local, aumenta o Turismo. É uma atividade que, se bem planejada, se bem fomentada, tem um enorme potencial para diminuir a desigualdade social, aumentar a prosperidade e aumentar a qualidade das relações daquela cidade”.