Uma família roraimense denuncia um abandono médico onde a vítima é uma mulher com câncer, que passou por 16 sessões de quimioterapia, antes de ser deixada para “morrer em casa”.

Nazaré, diagnosticada com câncer de estômago em janeiro, iniciou sua jornada médica em dezembro, quando sentiu fortes dores e procurou ajuda.

Inicialmente, médicos suspeitaram de pedra na vesícula e problemas renais. Após diversos exames, a verdadeira causa foi revelada. Desde então, Nazaré passou por 16 sessões de quimioterapia.

Médicos, então, afirmaram que ela não resistiria ao tratamento e sugeriram que ela retornasse para casa para receber cuidados paliativos.

De acordo com seu marido, Hiranildo Sousa, os profissionais de saúde que visitam Nazaré não fornecem o devido atendimento, apenas informando que aguardam seu falecimento.

Hiranildo, revoltado, denunciou a situação. “Ela ficou internada na UTI. Aí mandaram eu ir pra casa (…), falaram que ia me ligar. Quando já estou na casa da minha irmã, a minha cunhada me liga ‘olha, minha irmã já está de alta e já está aqui fora do hospital’”, relata.

Os profissionais do hospital alertaram Hiranildo sobre a possibilidade do falecimento de sua esposa.

“Os médicos me chamaram, aí falaram pra mim que não tinha mais o que fazer por ela, que era pra trazer ela para casa, para morrer em casa, que era para chamar a família, para se despedir dela, enquanto ela tava com vida. E de lá para cá eu passei 16 ou 17 dias com ela, e ela não não abria nem o olho, eu fazia comida, batia a papinha e dava na boca dela”.

– Hiranildo, esposo de Nazaré

Após a alta hospitalar, Hiranildo cuidou de Nazaré, alimentando-a e monitorando sua pressão arterial. A equipe do SAMU, quando chamada, apenas observava de fora e dizia que Nazaré não resistiria e que o câncer havia se espalhado completamente.

“É revoltante”, diz ele. “Como é que um câncer já tomou de conta de uma pessoa dessa que nem abria o olho e hoje em dia ela já está abrindo os olhos, já está se sentando, já está comendo? Isso tem algo errado”, desabafa.

A última sessão de quimioterapia de Nazaré ocorreu em abril. Nos últimos três meses, Hiranildo se dedicou a cuidar dela e de uma criança pequena. Incapaz de trabalhar, ele depende de auxílio e doações de amigos para sustentar a família.

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