O avanço das queimadas em Rondônia está provocando atrasos na desova de tartarugas na região, comprometendo seriamente a reprodução da espécie. Segundo especialistas, o calor excessivo e as condições ambientais modificadas pelo fogo têm dificultado que as tartarugas depositem seus ovos no período ideal.

As equipes de monitoramento temem que os filhotes ainda não estejam prontos quando as chuvas começarem a cair e o nível do rio voltar a subir.

Normalmente, a desova das tartarugas-da-amazônia ocorre entre agosto e setembro. O período até a eclosão dura, em média, 60 dias. Com o atraso na desova, o risco, agora, é que o nascimento dos filhotes coincida com o período de chuvas e os ovos, enterrados na areia, fiquem soterrados e elas não consigam subir até a superfície para respirar.

Em entrevista ao programa Super Manhã, o especialista Zeca Lula da EcoVale explica que a fumaça alterou a temperatura e a luminosidade do ambiente, impossibilitando a criação do “cenário ideal” para a desova das tartarugas no período regular.

“O fenômeno de mortalidade de filhotes já ocorre em períodos normais, mas costuma afetar apenas uma pequena quantidade. No entanto, neste cenário atual, o atraso na desova causado pelas mudanças climáticas pode resultar em um aumento significativo dessas mortes”, revela Zeca.

A ONG Ecovale, com apoio de prefeituras e instituições locais, segue monitorando os ninhos até o fim de dezembro. Além do trabalho de monitoramento, a ONG promove ações de conscientização, como eventos de soltura de filhotes, que visam sensibilizar a população sobre a importância da preservação das tartarugas da Amazônia.

Incêndios na Amazônia empobrecem a diversidade da floresta

Nova pesquisa mostra que os incêndios florestais estão causando danos graves na Amazônia, levando ao empobrecimento da biodiversidade e à redução de até 68% na capacidade de retenção de dióxido de carbono (CO₂).

Segundo um estudo financiado pelo Instituto Serrapilheira, áreas afetadas pelo fogo estão se transformando em florestas secundárias, menos ricas em espécies e com menor estoque de carbono, o que ameaça o equilíbrio ecológico e climático.