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Associação do Exército emprega esposa de Mourão e parentes de Villas Bôas

Hamilton Mourão, cumprimenta o general Eduardo Villas Bôas, durante Sessão Especial em homenagem ao ex-comandante do Exército - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A esposa do general e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), assim como uma filha e uma sobrinha do ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, estão entre os parentes de militares que constam na lista de funcionários de uma associação privada do Exército, conhecida como Poupex.

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O próprio Mourão também ocupou cargos na Poupex. Em 2016, ele ocupou a presidência do Conselho de Administração da FHE, que administra a Poupex. Ele deixou o cargo em fevereiro de 2018.

Sem transparência e nem obrigação de prestar informações públicas sobre sua lista de funcionários, a associação se tornou “um cabide de emprego” para parentes de militares.

A Poupex foi fundada em 1982 para representar militares no setor de financiamentos imobiliários. A empresa é administrada pela Fundação Habitacional do Exército (FHE), órgão ligado diretamente às Forças Armadas.

Casada com Mourão, Ana Paula Leandro de Oliveira Mourão foi contratada em 2016 pela associação, conforme documentos internos. Ela ocupa a função de assessora especial e também tem carreira militar. Filiou-se ao Republicanos em 2022, quando Mourão decidiu concorrer ao Senado.

Os salários da Poupex, entretanto, não são públicos. Uma tabela interna da remuneração dos cargos, define que o posto de assessor especial tem remuneração básica de R$ 17 mil. Esse valor, entretanto, pode variar a depender de gratificações e remanejamentos.

O ex-comandante do Exército, entre 2015 e 2019, o general Eduardo Villas Bôas também tem parentes contemplados com cargos na Poupex.

Documentos da ficha funcional de Ticiana Haas Villas Bôas na Poupex identificam que ela tem o posto de analista júnior, cujo salário inicial previsto é de R$ 8 mil. No entanto, sua remuneração pode variar a depender de gratificações e benefícios adicionais.

O nome dela também apareceu em relatórios da Polícia Federal sobre o telefone celular de Gabriela Cid, esposa do tenente-coronel Mauro Cid. Nas conversas, o general declara apoio a ações golpistas contra a posse do presidente Lula e critica a vacina contra a covid-19.

Além disso, uma sobrinha de Villas Bôas, Marina Carvalho Villas Bôas, foi admitida na Poupex também em 2016 e trabalha como analista júnior.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou, em um relatório de maio deste ano, “indícios contundentes” de nepotismo, com a identificação de 221 casos de parentesco entre contratados da Poupex e integrantes das Forças Armadas.

“Os dados analisados permitem concluir que se encontram presentes fortes indícios de que a existência de relação laboral com o Exército, com o MD (Ministério da Defesa) ou com as demais Forças ou de parentesco com membros do conselho de administração, da diretoria e com militares do Exército são fatores possivelmente relevantes para se determinar o êxito na tentativa de se conseguir emprego na Poupex. Neste contexto, aparentemente tem relevância o nível hierárquico ocupado pelo familiar nas Forças”, diz um trecho do documento.

OUTRO LADO

Em nota, a Poupex negou as irregularidades e defendeu a “capacidade técnica” dos parentes de militares. Disse que não pode ser acusada de nepotismo por se tratar de uma entidade privada.

“A Associação de Poupança e Empréstimo – POUPEX, entidade supervisionada pelo Banco Central, é uma empresa privada que não recebe recursos públicos. Logo, a expressão nepotismo não se aplica. Todos os funcionários da instituição são contratados por meio de processo seletivo e têm capacidade técnica para ocupar os cargos que exercem. Os profissionais citados em seu e-mail estão na POUPEX, em média, há mais de 8 anos. A informação referente aos seus salários é protegida pela LGPD”, disse.

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