Com o lema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade pelas Raízes Ancestrais”, mulheres indígenas de todas as regiões do Brasil participaram, nesta semana, da III Marcha Nacional de Mulheres Indígenas, em Brasília. A marcha também marca a continuação da luta contra o garimpo ilegal, pela demarcação de terras e pela formação política de representação indígena nos espaços de poder.

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O evento, que ocorreu de 11 a 13 de setembro, contou com mais de 5 mil participantes, que caminharam pelas ruas da capital brasileira e encerraram a manifestação na Esplanada dos Ministérios. O evento foi organizado pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).

Estiveram presentes as ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara; do Meio Ambiente, Marina Silva; das Mulheres, Cida Gonçalves; da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, junto da representação do Ministério da Cultura.

Houve presença, também, de representantes dos seis biomas brasileiros, além de convidadas de outros países. Artistas, parlamentares, representantes de governos e autoridades estrangeiras marcaram presença no movimento de mobilização política, que teve também cultura e artesanato.

O momento foi marcado pela assinatura de acordos de cooperação e de projetos para proteção e apoio a mulheres indígenas, como o programa Guardiãs dos Territórios e da Casa da Mulher Brasileira, com enfoque em auxiliar as pautas de mulheres indígenas.

Fortalecimento das mulheres

A ministra dos Povos Indígenas (MPI), Sonia Guajajara assinou, nesta quarta-feira (13), um conjunto de atos fundamentais para fortalecer a participação das mulheres indígenas em políticas públicas. Dentre eles, o acordo de cooperação técnica entre o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério das Mulheres, que busca desenvolver estratégias e ações que visem à prevenção da violência contra as mulheres indígenas.

Para Guajajara, em um país onde essa população frequentemente enfrenta desafios singulares, medidas como essa são fundamentais para assegurar a integridade e os direitos destas mulheres. Segundo a ministra, as mulheres são vítimas de uma série de ataques em diversas frentes, inclusive na esfera política.

“A gente fala muito das várias formas de violência, do machismo que a gente enfrenta nos nossos espaços, mas aqui em Brasília a gente enfrenta muito também a violência política. Isso faz com que muitas mulheres até desistam de fazer essa disputa para ocupar esses lugares porque realmente há uma hostilidade contra nós”, disse.

Foi assinada também uma portaria que institui o Grupo de Trabalho Técnico, inserido no contexto do Projeto Guardiãs. A iniciativa é fruto da parceria entre o MPI e o Ministério das Mulheres, que tem como foco promover políticas públicas e estratégias de prevenção, enfrentamento e erradicação das violências de gênero e discriminações que as mulheres indígenas ainda vivenciam dentro e fora de seus territórios.

Por meio de parcerias nos estados, o programa vai estimular a capacitação, formação de redes institucionais de apoio e conhecimentos sobre os direitos das mulheres e meninas indígenas, priorizando sua participação e protagonismo na formulação das políticas públicas voltadas à prevenção e ao enfrentamento das violências de gênero.

Por fim, foi assinado um Protocolo de Intenções entre o Ministério dos Povos Indígenas e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), onde as instituições comprometeram-se a impulsionar a formação acadêmica de alto nível e a pesquisa científica voltada para a inclusão dos povos indígenas.

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