Serviço de inteligência, Polícia Federal (PF), juízes do Supremo, governadores, presidentes, e espiões infiltrados. Todos os ingredientes para um filme de ação estão presentes na cena. A diferença é que trata-se de um enredo real.
Nesta quinta-feira (25), agentes da PF fizeram buscas e apreensões na operação que investiga um esquema de espionagem ilegal mantido dentro da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O alvo? Alexandre Ramagem, deputado do Partido Liberal pelo Rio de Janeiro. Primeiro, Bolsonaro tentou emplacar o amigo da família como diretor da Polícia Federal. Barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Ramagem ganhou a chefia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), onde ficou de agosto de 2019 a março de 2022.
De acordo com as investigações da PF e com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pelo caso, Ramagem teria montado um esquema dentro da Abin, com o objetivo de favorecer Bolsonaro e familiares, nominalmente os filhos Jair Renan e Flávio Bolsonaro, senador pelo PL.
A estrutura montada por Ramagem dentro da Abin fazia uso de um software espião israelense, utilizado para monitorar o deslocamento de pessoas. Além dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e de diversas outras autoridades, a chamada ‘Abin paralela’ monitorou Simone Sibilio, procuradora que participou da investigação do assassinato de Marielle Franco e de outros casos ligados a milicianos.
Dentre os objetos apreendidos pela PF, na ação do dia 25, havia um notebook e celulares que pertenciam à Abin. O site de notícias Metrópoles informa, no entanto, que a Abin tem o registro da devolução dos aparelhos, e que está abrindo procedimentos para averiguar que aparelhos estavam em poder de Ramagem e como ele ainda os mantinha.
A PF, por outro lado, sustenta que a Abin dificultou as investigações. A degola do número 2 da Agência, Alessandro Moretti, é dada como certa. E a situação do número 1, Luiz Fernando Corrêa, ficou bastante delicada após a batida da polícia.
Paralelamente a tudo isso tem a oposição no Congresso. Indignada com o que chama de perseguição a Bolsonaro, promete infernizar a vida do Parlamento. Valdemar Costa Neto chegou a cobrar uma posição do presidente do Senado, a quem chamou de “frouxo”.
Fique ligado, que o enredo promete mais surpresas.