A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) publicou uma carta após investigação da Polícia Federal sobre um esquema ilegal de espionagem de ministros e políticos.

Os servidores afirmam que sempre desejaram a oportunidade de “conversar com a sociedade”. Segundo eles, a ABIN tem sido alvo de “informações incompletas, análises distorcidas e falsas premissas”.

Na carta, os servidores cobram uma legislação que deixe claro as funções, atribuições limitações da agência. “A atividade de inteligência cumpre função de informar, e não a de decidir”, diz a carta.

“As leis da Inteligência devem proteger os cidadãos brasileiros de desvios promovidos por dirigentes e governos mal-intencionados, mas sem tornar disfuncional uma atividade essencial a todo Estado que queira promover seus interesses no exterior e resguardar sua sociedade de ameaças de caráter interno e externo”.

Veja a carta na íntegra:

Polícia Federal

A Polícia Federal apura e investiga suposta espionagem ilegal de ministros e políticos para favorecer os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan e Flávio Bolsonaro.

Em 2023, o governo demitiu servidores da Abin que foram presos durante operação que também investigava espionagem ilegal.

Segundo aponta a Polícia Federal, uma estrutura montada por Ramagem dentro da Abin fazia uso de um software espião israelense, utilizado para monitorar o deslocamento de pessoas. Além dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, e de diversas outras autoridades, a chamada ‘Abin paralela’ monitorou Simone Sibilio, procuradora que participou da investigação do assassinato de Marielle Franco e de outros casos ligados a milicianos.

De acordo com as investigações da PF e com o ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pelo caso, Ramagem teria montado um esquema dentro da Abin, com o objetivo de favorecer Bolsonaro e familiares, nominalmente os filhos Jair Renan e Flávio Bolsonaro, senador pelo PL.

O ex-diretor da Abin, deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), aliado da família Bolsonaro, também foi alvo da Operação ‘Vigilância Aproximada’ na última semama.

Nesta segunda-feira (29), vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão da operação que investiga ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.