O ex-presidente Jair Bolsonaro negou envolvimento com a ideia de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na campanha do então candidato Lula (PT). Em entrevista publicada na noite desta sexta-feira (9), ele atribui a iniciativa ao ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno.

Em reunião de Bolsonaro com seus ministros no dia 5 de julho de 2022, o general propôs ¨montar um esquema para acompanhar o que os dois lados (as campanhas) estão fazendo”.  A reunião foi gravada em vídeo e o registro estava em posse do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

O ex-presidente relembra o episódio: “Em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma”, disse Bolsonaro na entrevista à TV Record.

“As inteligências, eu raramente usava as que nós temos, das Forças Armadas, a própria Abin, a Polícia Federal. Não vejo nada demais naquilo. O Heleno queria se estender sobre o assunto, eu falei que não era o caso. Vai fazer uma operação, faça. A Abin tem esse poder de fazer operações para preservar as pessoas até”, disse Bolsonaro.

Durante a reunião, que durou cerca de uma hora e meia, Bolsonaro insistiu que as eleições de 2022 seriam fraudadas para dar a vitória a Lula e ordenou que seus ministros fizessem “alguma coisa” antes da data das eleições.