Jair Renan Bolsonaro e seu ex-instrutor de tiro, Maciel Alves de Carvalho, foram indiciados pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. O indiciamento foi feito pela pela Polícia Civil do Distrito Federal, logo após conclusão de inquérito.
Foi no âmbito desse inquérito que Jair Renan foi alvo de uma operação de busca e apreensão em 24 de agosto do ano passado, junto com Carvalho e outros dois investigados.
Carvalho foi preso na ocasião e deixou a Papuda, onde estava detido, no dia 26 de janeiro.
Segundo apuração do G1, o relatório da investigação, enviado à Justiça do DF no último dia 8, informa que Jair Renan e Maciel Alves falsificaram documentos de faturamento da empresa RB Eventos e Mídia, à época pertencente ao filho do ex-presidente. O faturamento apontado – R$ 4,6 milhões, entre 2021 e 2022 – nunca existiu na empresa.
Com esses números falsos, Jair Renan e Maciel Alves obtiveram um empréstimo bancário junto ao Santander.
“Não há dúvidas de que as duas declarações de faturamento apresentadas ao banco são falsas, por diversos aspectos, tanto material, em razão das falsas assinaturas do Técnico em Contabilidade […], que foi reinquirido e negou veementemente ter feito as rubricas, quanto ideológico, na medida em que o representante legal da empresa RB Eventos e Mídia fez inserir nos documentos particulares informações inverídicas consistentes nos falaciosos faturamentos anuais”, afirma a polícia.
Assinatura
Em depoimento à polícia, Jair Renan afirmou que não reconhecia suas assinaturas nas declarações de faturamento supostamente falsas. Peritos atestaram, no entanto, que em um dos documentos a assinatura do filho do ex-presidente é autêntica.
Lavagem
Segundo o relatório da polícia, a forma como o dinheiro tomado emprestado chegou aos suspeitos configurou um processo de lavagem de dinheiro. Os fraudadores usaram de uma pessoa fictícia, Antônio Amâncio Alves Mandarrari, para fazer as movimentações necessárias.
O advogado de Jair Renan, Admar Gonzaga, afirmou que não vai comentar o indiciamento porque o caso é sigiloso.
Caberá ao Ministério Público decidir se oferece ou não denúncia à Justiça
Cobrança
Bolsonaro e Carvalho não estão sendo acusados de estelionato porque ainda não houve uma representação criminal por parte da vítima. O banco Santander, por hora, se limitou a fazer a cobrança do dinheiro emprestado.
A 1ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e Conflitos de Brasília determinou que Jair Renan Bolsonaro pague uma dívida de R$ 360.241,11 ao banco.
São alvos da ação Jair Renan e a ex-empresa dele, a RB Eventos e Mídia Ltda. Inicialmente, o valor a ser pago era de R$ 291 mil, com a promessa de pagamento em 60 vezes, de julho do ano passado até 2028. Jair Renan, no entanto, não depositou nenhuma parcela.