Militares devem ser punidos por omissão em trama golpista engendrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta é a opinião do senador Omar Aziz, expressa em entrevista concedida ao portal UOL nesta segunda-feira (18).
Aziz lembra que cabe ao Superior Tribunal Militar decidir o que pode ser imputado aos militares. O senador se refere ao ex-comandante da aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, e ao ex-comandante do exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que deram depoimentos contundentes à polícia federal a respeito da tentativa de golpe.
Apesar dos militares terem dado seu testemunho, o parlamentar destacou que ¨eles não são heróis¨ e que poderiam ter evitado o 8 de janeiro caso tivessem tomado alguma providência ao tomar conhecimento das intenções de Bolsonaro.
Aziz citou a omissão do comandante do exército diante dos acampamentos instalados em frente a quarteis, em diversos estados. Na sua opinião, faltou comando aos comandantes dos quarteis. “Ei, para com essa brincadeira porque não vai ter golpe, não. Pode mandar desocupar!¨, sugeriu o senador.
Covardia
Perguntado se concordava com o presidente Lula, que mais cedo chamou Bolsonaro de “covardão”, o senador não discordou. ¨Quem perde a eleição tem que respeitar as urnas e não usar de subterfúgio ou poder efêmero que as pessoas têm quando estão no poder, no cargo de presidente, de governador ou de prefeito, para tentar mudar o resultado que a população já tinha decidido”.
Aziz não poupou críticas ao ex-presidente. ¨Ele [Bolsonaro] se exime de tudo e joga a culpa para terceiros”, disse o senador. ¨Ele nunca honrou as Forças Armadas. E fez pior agora, como presidente: colocou as Forças Armadas em situação de vexame”, concluiu.
Erro de Lula
Omar Aziz criticou a forma como o governo de transição lidou com os militares. Para o parlamentar, faltou uma relação mais próxima com as Forças Armadas. ¨Tinha que ter sido uma relação melhor. Porque você não pode colocar todo mundo no mesmo vaso. Tem muita gente boa no exército, na marinha e na aeronáutica, que não concordava com isso e se posicionou”, disse. ¨Acabou a eleição e, agora, vamos conversar¨, receitou o senador.