Nesta sexta-feira (3), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com o Papa Francisco. O encontro aconteceu no Vaticano, onde trataram sobre a transição energética com olhar para os mais pobres.
Durante a reunião, o ministro entregou uma “Carta aberta do Brasil pela promoção dos princípios para uma transição energética justa e inclusiva, centrada em pessoas” ao Papa.
A entrega da Carta aconteceu em audiência privada com o Papa. O ministro defendeu a transição energética para combater a pobreza e ampliar o acesso o acesso à eletricidade.
“Compartilho da mesma preocupação que Vossa Santidade tem sobre o estado em que o planeta se encontra atualmente em relação ao aquecimento global, com claros sinais de que se nada for feito em tempo hábil, chegaremos ao ponto de não retorno, com graves consequências sociais, econômicas e ambientais. Por isso, a transição energética deve ser justa, inclusiva e obrigatória”, destaca o ministro na carta.
Segundo o Ministério, o Papa falou positivamente sobre a transição energética e que ela deve ser obrigatória por ser justa e inclusiva.
“Ele ressaltou a importância de que governos, como o liderado pelo presidente Lula, voltem a fazer parte do mundo, fazendo a inclusão”, afirmou o ministro.
COP 30
O ministério diz ainda que o Papa ressaltou o cumprimento das decisões tomadas durante a COP28, que aconteceu em Dubai no ano passado.
O Brasil assumiu a liderança do G20, em dezembro de 2023, e será sede da COP30 em 2025.
“Para alcançarmos as metas indicadas na COP28, precisamos mobilizar 4,3 trilhões de dólares por ano até 2030 para avançarmos na transição energética global. Isso significa aumentar em seis vezes o que é praticado hoje. Além disso, precisamos garantir que os recursos para financiar a transição energética cheguem com maior intensidade nos países em desenvolvimento, que hoje registram apenas 15% dos volumes totais investidos”, disse o ministro
Saiba o que diz a Carta
Na Carta, os ministro detalhou 10 ações para avançar na transição energética e para combater a pobreza .
- Combater a pobreza energética em todas as suas formas, com foco em garantir o acesso universal à energia elétrica e a tecnologias limpas para cozinhar.
- Estruturar mecanismos eficientes de alocação de custos e de subsídios das novas tecnologias de forma a permitir o seu consumo e acesso pelas parcelas mais pobres da população.
- Internalizar as perspectivas de gênero, de raça e étnicas nas políticas de energia.
- Aplicar medidas efetivas de mitigação dos impactos socioambientais de infraestruturas relacionadas ao setor de energia, incluindo a implantação de tecnologias limpas e a exploração de materiais e minerais necessários à transição energética.
- Promover o diálogo social e o devido engajamento das partes interessadas no processo decisório relacionado à transição energética.
- Promover o desenvolvimento social e econômico com a diversificação das cadeias de suprimento e agregação de valor também nas economias emergentes e países em desenvolvimento ricos em recursos energéticos renováveis e em recursos minerais.
- Promover a remobilização de mão de obra e a geração de empregos decentes e de qualidade, incluindo maior participação feminina na mão de obra para a transição energética.
- Promover a formação profissional para a transição energética.
- Reconhecer os direitos das comunidades tradicionais e dos povos originários, promovendo proteção social às parcelas mais vulneráveis da população.
- Reconhecer a importância do planejamento energético de longo prazo, nas suas mais variadas frentes, para orientar ações, instrumentos de financiamento e políticas de transição energética nos países.