Devido a repercussão nacional de violência doméstica com a modelo Ana Hickmann, a Band Roraima exibiu nesta semana uma reportagem especial que mostra o sofrimento vivido por uma mulher em Boa Vista.
“Eu tinha uma ideia de que mulheres com independência financeira, estrutura familiar e se impõe mediante o que não agrada, jamais passaria por uma situação como essa. Eu acreditava que aquilo não aconteceria comigo”.
O relato de abuso é da fisioterapeuta Caroline Queiroz, mas poderia ser também de uma das quase duas mil mulheres roraimenses, de qualquer classe social, raça e diferentes crenças.
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Dados da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça de Roraima (CEVID-TJRR), mostram o número de pedidos de Medida Protetiva em caráter de urgência, com base na Lei Maria da Penha.
O levantamento mostra que, entre janeiro e março deste ano, foram registrados 663 pedidos de medida protetiva, um aumento de 220 casos em relação a 2022.
Já no período de julho a setembro, o aumento foi de 38%, com a estimativa de 667 mulheres vítimas.
Até o momento, foram registrados neste ano, 1.330 casos de violência domêstica.
No final de julho, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgou um crescimento de 6,1% dos casos de feminicídio e 1,2% de homicídios de mulheres, número maior que em 2022.
O relacionamento abusivo tornou-se uma triste realidade para muitas mulheres.
Um crime que não há fronteiras sociais e atinge pessoas de diferentes esferas da sociedade.
Recentemente, um caso trouxe à tona mais um exemplo chocante desse cenário.
No dia 11 de novembro, a modelo e apresentadora Ana Hickmann acionou a polícia para registrar um boletim de ocorrência contra seu marido, Alexandre Correa, por agressão ocorrida na frente do filho.
Logo após, solicitou o divórcio e teve seu pedido negado.
Caso de violência doméstica chocou Boa Vista
No dia 26 de novembro de 2022, a fisioterapeuta Caroline Queiroz foi vítima de agressões por parte de seu ex-companheiro, com quem compartilhou sua vida por nove anos.
“Aquilo mexeu muito comigo. Enquanto ele batia, eu ainda tinha impressão que era apenas uma agressão. Quando ele me enforcava e me olhava nos olhos, me via perder a voz. Ali eu entendi que a pessoa que viveu comigo por muitos anos, estava tentando tirar a minha vida”, diz Caroline.
Confira a reportagem completa
Disparidade social
Um prejuízo social no ambiente doméstico foi formado pela recente estrutura ou falta de posicionamento feminino.
Lorrana Gomes, advogada e consultora jurídica destaca a atuação da Lei Maria da Penha.
“Ela é interpretada sob o ponto de vista em que a mulher está em uma situação de vulnerabilidade. Isso significa que é compreensível quando não consegue reunir provas do crime, que não tenha como ter testemunhas ou fazer gravações, então tudo isso é visto com cautela pelo judiciário”, explica.
Rede de apoio em Roraima
Esses exemplos destacam a necessidade de políticas públicas para lidar melhor a temática de maneira eficaz e oferecer suporte às vítimas.
Para ajudar mulheres que enfrentam situações de violência doméstica, existe uma rede de apoio em Boa Vista.
Um deles é o Centro Humanitário de Apoio à Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima (CHAME).
A representante do CHAME, Magdalena Schafer, explica que o problema deve ser identificado antes que o pior aconteca.
“A maioria dos abusos são escalonados. Não começa logo no feminicídio propriamente dito ou na agressão física que deixa hematomas. Começa com uma agressão verbal, diminuição de autoestima, xingamento, empurrão e afins. No momento em que você percebe que está desconfortável com a atitude do seu parceiro, comunique a ele e continuando torna-se um sinal de alerta”, explicou
A violência doméstica é uma questão séria que requer a atenção e ação de todos os setores da sociedade.
Ao compartilhar histórias como a de Caroline Queiroz e destacar iniciativas como o CHAME, é possível criar conscientização e promover uma mudança real em direção a um futuro onde a violência doméstica não seja mais uma triste rotina na vida das mulheres roraimenses.
Como solicitar ajuda online
Em Roraima, é possível buscar ajuda de forma online.
O serviço ZapChame no WhatsApp proporciona apoio de forma confidencial.
Sendo assim, possibilita encaminhar para serviços de denúncia, oferecer também acesso a informações essenciais, bem como contatos de hospitais para assistência em situações de violência sexual.
A Lei Maria da Penha evidencia cinco tipos de violência contra a mulher e devem ser denunciadas na Casa da Mulher Brasileira em Roraima, em delegacias especializadas ou em qualquer outra instituição apropriada: violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial.
Rede de Atendimento em Roraima
A denúncia pode ser feita através de vários canais, que vão desde os gerais até os especializados.
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Casa da Mulher Brasileira
Rua Uraricoera – 919, bairro São Vicente em Boa Vista
Telefone: (95) 99122-1956 / (95) 3198-9651
E-mail: cppm.setrabes.rr@gmail.com / cmb.roraima@gmail.com
Horário de atendimento: 24h
Equipe Multidisciplinar dos Juizados de Violência Doméstica
Telefone: (95) 3194-2649 (whatsapp) / (95) 3194-2648 (fixo)
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM
Telefone: (95) 98413-8952
Sede da Casa da Mulher Brasileira
Rua Uraricoera – 919, bairro São Vicente em Boa Vista
Polícia Militar – Ronda Maria da Penha
Telefone: 190 / 0800-095-3621
Rua Cerejo Cruz -1055, no Centro de Boa Vista
1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
Telefone: (95) 3194-2646
2º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher
Telefone: (95) 3194-2616
Av. CB PM José Tabira de Alencar Macedo – 602, no bairro Caranã
Ouvidoria Geral – Setor de Atendimento à Mulher
Telefone: (95) 3198-4759
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