No ano passado não houve visitação nos cemitérios de Manaus devido à pandemia da Covid-19, porém esse ano a tradição de visitar sepulturas e prestar homenagens a entes queridos tem a expectativa de receber cerca de 500 mil pessoas.

Na véspera do dia dos finados, muita gente antecipou a visita nos cemitérios da capital.

No cemitério São João Batista, localizado na avenida Álvaro Maia, no bairro Nossa Senhora das Graças, órfãs, pais e amigos estiveram presentes na manhã desta segunda-feira, 1°, e a palavra mais citada entre os relatos foi ‘dor’ e ‘saudade’.

Bruno Moraes Lins, de 44 anos, perdeu a mãe em novembro do ano passado, vítima da Covid-19 e decidiu levar o filho para visitar o túmulo da avó, levar flores e dar os parabéns.

“Minha mãe faleceu de covid em novembro do ano passado e dia dos finados é dia do aniversário dela. Amanhã ela faria 71 anos, então aproveitei o dia de hoje para vir visitar e cantar os parabéns junto com o neto dela”, contou.

 

Flávio Rodrigues, de 64 anos, foi visitar a esposa que morreu vítima da Covid-19 em janeiro desse ano e relatou que nunca havia ido ao cemitério visitar alguém antes.

“Eu não tinha parentes enterrados, então nunca precisei vir a cemitérios, agora enterrei a principal pessoa da minha vida e vou precisar vir todos os anos. Por ser algo tão recente e termos uma filha para criar, a dor da saudade ainda é grande”, disse.

A professora Ana Alcídia, de 69 anos, disse que ano passado não conseguiu ir visitar sua mãe devido a pandemia e que esse ano, além dela, as velas também foram acesas no ‘cruzeiro’ a vários amigos que se foram com a Covid-19.

Maria Eucimar, de 57 anos, também foi visitar a mãe que morreu de pneumonia durante a primeira onda da Covid-19 e relatou que antes ia com a mãe ao túmulo do pai. Agora, visita os dois na mesma sepultura.

“Antes eu passava o dia dos finados com ela, aqui, visitando meu pai. Passávamos horas aqui, agora, eu venho visitar os dois. A dor e a saudade ainda é muito grande, os domingos lá em casa são um silêncio horrível, o dia mais triste da semana”, lamentou a filha.

Ligados pelo Cruzeiro

O cruzeiro conta com grandes cruzes como se fossem portais por onde passam as orações, a luz e também a saudade. Assim, as preces e velas acendidas no local sagrado, em memória dos falecidos, seriam recebidas de igual forma em casos onde os mortos foram enterrados em outras cidades e locais.

O aposentado José Loren, de 76 anos, tem tios que foram enterrados no interior do Amazonas e utiliza do cruzeiro para prestar suas homenagens anualmente.

“Eu tenho tios que foram pessoas inesquecíveis na minha vida e eu não posso deixar de homenageá-los e em memória deles eu venho e acendo velas aqui no cruzeiro”, explicou.

O cemitério São João Batista conta com o reforço de 84 servidores para ajudar na organização do local nesses dois dias e na terça-feira, 2, a tradicional orquestra em homenagem aos finados deve iniciar a partir das 8h.

Das mais de mil sepulturas de valor histórico estão enterredos no Cemitério São João Batista: O primeiro Governador do Amazonas Eduardo Ribeiro, os políticos Gilberto Mestrinho e Jeferson Peres e as personalidades Arlindo Junior e Zezinho Correa.

Santos urbanos

No cemitério São João Batista há vários santos urbanos e histórias curiosas que viraram até livro e que está na tradição de muitos manauaras.

Entre os santos está a história da menina Tereza Cristina que morreu carbonizada em um trágico acidente de avião e virou a santinha do cemitério. A mãe da santinha contou em uma obra literária que o sonho da menina era fazer a primeira comunhão e ao morrer foi realizar seu sonho ao lado de Jesus.

Uma outra sepultura muito visitada é a da Santa Etelvina, morta após uma luta corporal com o noivo. Após não aceitar o término, ele estrangulou Etelvina. Fiéis de todas as idades visitam sua sepultura e fazem suas petições; sua morte representa a luta feminina pelo próprio querer. 

Cemitério Patrimônio

A servidora pública Raquel Ferreira estará lançando nesta terça-feira, 2, a obra literária ‘Cemitério Patrimônio’, um livro que conta o processo histórico do cemitério, além de vários santos urbanos e histórias curiosas dos 130 anos do Cemitério Municipal São João Batista.

Veja vídeo:

 

 

 

 

 

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