No mês da Consciência Negra, as religiões de matriz africana desempenham um papel fundamental na construção cultural e combate ao preconceito religioso. Segundo o babalorixá Delmiro Freitas, em Roraima é forte o preconceito e a discriminação

Dados do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, apontam que mais de 60% das denúncias, feitas por meio do Disque 100, referente a Intolerância religiosa, são contra religiões de matrizes africanas como, por exemplo, a umbanda e o candomblé.

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Em Roraima não é diferente, nos últimos meses, terreiros foram atacados ou depredados, e que segundo o babalorixá Delmiro Freitas reforça a necessidade de levar informações e conhecimento para erradicar discursos de ódio replicados e presentes na sociedade até hoje.

Em entrevista ao Portal Norte ele explica que no seu terreiro, nunca passaram por algum episódio de intolerância religiosa, porém, é necessário levar informações para desmistificar o preconceito.

“É necessário levar informação, e fazemos isso constantemente, por meio de oficinas e eventos. As pessoas passam a conhecer cada vez mais o candomblé”, destacou.

O terreiro do babalorixá, que fica situado na rua Rio Guaíba, 828, no bairro Bela Vista, zona oeste de Boa Vista, costuma frequentar aproximadamente 100 pessoas. Em dias de festa esse número duplica. 

Casa de candomblé funciona na rua Rio Guaíba, 828, no bairro Bela Vista, zona oeste de Boa Vista - Foto: Arquivo Pessoal
Casa do babalorixá funciona na rua Rio Guaíba, 828, no bairro Bela Vista, zona oeste de Boa Vista – Foto: Arquivo Pessoal

Babalorixá explica preconceito com a vestimenta

As religiões de matrizes africanas sofrem duplamente o preconceito, desde a intolerância religiosa ao racismo. 

As lutas estão interligadas pois compreende-se que o ódio parte da questão racial e leva a questões religiosas.

Para Delmiro, o mês de novembro, dedicado à consciência negra, é também um momento de celebrar aqueles que lutaram para que hoje filhos e filhas possam cultuar a ancestralidade presente na religião do candomblé. 

“Esse é também um momento de reafirmação. Hoje não podemos sair nas ruas de Boa Vista com as nossas vestimentas. As pessoas olham torto, esbravejam. Sofremos constantemente preconceito”, disse o babalorixá.

Membro do Egbé Yewalê Bemy - Foto: Arquivo Pessoal
Membros do Egbé Yewalê Bemy – Foto: Arquivo Pessoal

Encontro vai abordar relações étnico-raciais

Para discutir sobre o assunto, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) promove entre os dias 21 e 23 de novembro, no auditório do Centro de Ciências Sociais (CCH), no Campus Paricarana, o IV Colóquio das Relações Étnico-Racial e a programação do Mês da Consciência Negra.

O evento é gratuito e aberto ao público em geral e busca valorizar perspectivas e falas não institucionalizadas, lançando luz sobre saberes tradicionais da sociedade roraimense.

Confira a programação:

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