A CPI da Braskem ouviu de especialistas nesta terça-feira (5), explicações sobre as peculiaridades geológicas e falhas da empresa petroquímica Braskem que levaram aos danos ambientais causados em Maceió pela extração de mineral. Os depoentes afirmam que os riscos de afundamento nas minas de sal-gema eram conhecidos desde os anos 1970 e que em 2008 as rachaduras nas casas das regiões começaram a surgir.

A evacuação de moradores de alguns bairros localizados sobre as cavidades subterrâneas começou em 2019. 

O relator da CPI, senador Rogério Carvalho (PT-SE) afirmou que, de acordo com o que ouviu, considera a Braskem responsável pelos danos.

“Ficou claro que a empresa não seguiu as boas práticas [de engenharia]. (…) Quando as rachaduras começaram a aparecer, o movimento [da empresa] foi de negação de que tivesse algo a ver com a exploração do minério sal-gema. Está claro que não foi feito nada objetivamente no início das rachaduras”, disse Carvalho.

Monitoramento

Engenheiro civil e professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Abel Galindo Marques afirmou que a Braskem não tomou as devidas precauções com relação aos riscos particulares da abertura de minas nas camadas de sal-gema no subsolo.

Marques afirmou que a empresa não observou a distância de segurança de cem metros entre as minas e não utilizou devidamente a tecnologia de sondagem e de sonares (equipamentos de medição do tamanho das cavidades) para monitorar riscos de afundamentos.

“O uso [do sonar] foi feito, em partes, deixou muito a desejar”, disse Abel Galindo, respondendo ao presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM). Para o professor, no entanto, as situações em que a empresa realizou o monitoramento eram suficientes para conhecer os riscos.

Galindo ainda afirmou que os primeiros sinais de desestruturação das cavidades de exploração de sal-gema apareceram em 2008. Até o ano de 2020, a área principal da mineração afundou dois metros. As informações, segundo ele, são de estudo de 2021 da revista britânica Nature. Mas, no início das primeiras rachaduras, o engenheiro não tinha certeza da relação com a Braskem. 

¨O terreno era bom. Por que estava rachando? Tínhamos desconfiança que era a mineração, mas não tinha, ainda, certeza absoluta¨.

A CPI foi criada pelo requerimento do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para investigar os efeitos da responsabilidade jurídica e socioambiental da mineradora Braskem no afundamento do solo em Maceió. Com 11 membros titulares e sete suplentes, a comissão tem até o dia 22 de maio para funcionar.