O ministro da Educação, Camilo Santana, participou, nesta segunda-feira (2), da transmissão de cargo, em solenidade realizada no Ministério da Educação e prestigiada por diversas autoridades, entre eles governadores e ministros.

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Em seu discurso, Santana adiantou algumas ações que considera serem urgentes, como a retomada de todas as obras de creches, escolas e outros equipamentos paralisados por todo o país por falta de repasses de recursos federais.

Outra urgência citada pelo novo gestor é a recuperação da qualidade da merenda escolar das escolas públicas de todo o Brasil.

Também estão entre as prioridades:

– recuperação da credibilidade do Enem;

– plano de retomada do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa Universidade Para Todos (Prouni);

– fortalecimento da autonomia das universidades e a garantia de mais investimento em ciência e tecnologia.

Para dimensionar o desafio que tem pela frente no combate ao analfabetismo, Santana destacou números preocupantes referentes ao cenário atual no Ensino Médio e Fundamental no país.

Segundo o ministro, mais de 650 mil crianças até 5 anos abandonaram a escola nos últimos três anos.

No mesmo período, cresceu em 66% o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e nem escrever na idade certa.

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Ele ressaltou ainda que a última análise realizada pelo Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB) mostrou que apenas uma em cada três crianças é alfabetizada na idade certa.

“A maioria é analfabeta dentro da própria escola, o que provoca graves repercussões na sequência da vida dessas crianças”, frisou o ministro.

Para o novo ministro, o trabalho a ser realizado exigirá um esforço nacional de integração.

“É necessária a recuperação de uma visão sistêmica da educação, que vai da creche à pós-graduação. Para isso, precisamos fortalecer o regime de colaboração em um grande pacto federativo pela educação. Quase metade dos estudantes do Ensino Básico são atendidos pelos municípios e um terço pelos estados. O Governo Federal precisa estar junto dos estados e municípios nessa luta”, complementa

Educação em Tempo integral

No Ministério, Camilo Santana tem como uma das principais metas ampliar em todo o país o sistema de educação em tempo integral.

O modelo com sucesso foi comprovado no Ceará, estado que ele governou por dois mandados, entre 2015 e 2022.

Atualmente, cerca de 60% das instituições de ensino público do Ceará funcionam em tempo integral. O plano é chegar a 100% em 2026.

O estado do nordeste tem hoje 87 das 100 melhores escolas do país do 1° ao 5° ano do ensino fundamental e 70 das 100 melhores do 6° ao 9° ano, conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), divulgado em 2022.

Além disso, o Ceará aparece em terceiro lugar do país em ensino médio, com 23 dos 100 melhores resultados.

“O que queremos é uma escola não apenas com mais tempo para o aluno. Mas uma escola que seja atrativa, criativa, que desperte as habilidades de nossos alunos e os prepare para as oportunidades da vida”, destacou.

Ensino superior

O ministro também adiantou que trabalhará junto ao Ensino Superior, de modo a ampliar os investimentos voltados às universidades.

“Precisamos fortalecer o Ensino Superior. Para isso, pretendemos reforçar o orçamento das nossas universidades, que foram sucateadas no último governo com uma visão equivocada, distorcida e de viés ideológico”, disse Santana.

Segundo ele, a partir de hoje inicia-se a abertura de discussões com todos os atores para a elaboração do novo Plano Nacional de Educação.

“Iniciarei um diálogo permanente com nossas universidades, institutos federais, organizações não-governamentais que trabalham com educação, estados e municípios para construirmos juntos o novo Plano Nacional de Educação”, ressaltou.

Currículo Camilo Santana

Nascido em Crato (CE), Camilo Santana, 54 anos, foi governador do Ceará por dois mandatos, de 2015 a 2022, e no último pleito elegeu-se senador pelo PT.

Formado em engenharia agrônoma e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, foi professor e iniciou sua carreira política como secretário estadual de Desenvolvimento Agrário, em 2006.

Em 2010, foi o deputado estadual mais votado do Ceará e, depois disso, atuou como secretário das Cidades até 2014, quando se candidatou a governador.

Foi reeleito em 2018, em primeiro turno, com a maior votação do Brasil, e eleito senador em 2022, também com o maior percentual do País.

Ao deixar o cargo este ano, anunciou que todas as escolas de ensino médio do Ceará deverão funcionar em tempo integral até 2026.