A vice-presidente eleita do Tribunal de Justiça Desportivo do Amazonas, Alexia Michiles, concedeu entrevista ao Portal Norte no último dia 29 de fevereiro.

Alexia participou do quadro Norte Entrevista, conteúdo que aborda diferentes assuntos, com a presença de famosos, autoridades e anônimos.

Durante a participação, a vice-presidente comentou sobre assumir o cargo, que majoritariamente é visto como para homens, a trajetória no esporte até chegar ao tribunal e sua futura gestão na instituição.

Eleita por unanimidade

Em sessão realizada no último dia 26 de fevereiro, convocada pelo atual presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD-AM), Edson Rosas Júnior, a auditora Alexia Michiles, foi eleita, por unanimidade, para a vice-presidência do TJD-AM (2024-2027).

Primeira mulher a assumir a vice-presidência da nobre corte do Amazonas, Alexia Mariah Michiles, nascida em Manacapuru, atua há 4 anos na Justiça Desportiva, onde entrou como auditora suplente da Primeira Comissão Disciplinar e atualmente é titular do pleno.

“Esta conquista não é apenas minha, mas representa mais um avanço para a igualdade de gênero e início do que acredito ser inspiração para as novas gerações em nossa instituição”, declarou.

Veja a entrevista completa:

Destaques

Como é assumir a vice-presidência?

“Eu fico muito feliz, inclusive em ter essa confiança dos meus pares. Para eles, é uma função de muita importância no tribunal, até porque a gente acaba sendo o braço direito do presidente nesse momento, tendo que participar de tudo”.

Futura presidente?

“Sobre a possibilidade de ser presidente, eu espero que o meu trabalho seja posto em prova agora, para saber se essa possibilidade realmente pode se efetivar futuramente. E ser também a primeira mulher a ser presidente do Tribunal de Justiça Desportiva”.

Mulher do interior na Justiça Desportiva do Amazonas

“Eu fico muito feliz em poder estar representando. O Tribunal de Justiça do Amazonas abriu as portas. Nós temos a primeira comissão disciplinar composta somente por mulheres, temos um corpo estrutural no tribunal, não só de secretaria, mas de auditoras, defensoras, procuradores em mais de 60%.

É uma coisa muito importante, é uma situação em que a gente verifica que o lugar de mulher é em qualquer lugar, e acredito eu estar lá quebrando esse tabu é de extrema importância para o nosso legado, para o legado que eu quero transmitir, ser inspiração para outras mulheres”.

Origem do interior

“Acredito que também o fato de ser do interior do Amazonas tem a questão da representatividade. Eu sou nascida em Manacapuru, sou torcedora do Princesa e já morei também em Anori, tenho familiares em Borba, familiares em Boca do Acre, a minha estrutura familiar é do interior. Estar numa posição hoje em dia aqui na capital, em que eu possa dar voz também, representar o meu interior, é muito importante para mim”.

Preconceitos e dificuldades na Justiça Desportiva

“Eu acredito que inicialmente, quando foi criado, talvez realmente tenha essa dificuldade. Eu já entrei com uma estrutura muito melhor em questão de quantitativo e qualidade de mulheres trabalhando na instituição desportiva. Então, eu sempre fui tratada, desde o momento que eu entrei, não somente pelo Dr. Edson, mas por todos os meus colegas, como igual”.

Gestão como vice-presidente

“Eu gostaria de inspirar mais mulheres que talvez não tenham tanta habilidade no desporto como eu, mas que ao cursar Direito, [elas saibam] que tem essa possibilidade também. Além de que tem mais mulheres desportivas no pleno, futuramente, ser uma equipe mista de forma igualitária, homens e mulheres, eu acredito que tem muito potencial enorme para que isso aconteça,

[Eu quero] dar essa segurança que hoje eu tenho de estar aqui, eu posso mostrar meu trabalho, eu tenho respeito dos meus colegas também. A minha voz, ela é válida da mesma forma que a deles é. E eu acredito que eu gostaria muito de repassar isso, inspirar outras mulheres a participar”.