Em dez anos, 48.289 mulheres foram assassinadas no Brasil. Os dados são do Atlas da Violência, divulgados nesta semana.

O estudo é fruto de parceria entre o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a organização não-governamental Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).  A análise cobre o período entre 2012 e 2022.

De acordo com a pesquisa, 70% dos feminicídios acontecem dentro de casa. 66,4% das vítimas eram negras.

Em contrapartida, entre os homens, a maioria dos casos ocorre na rua ou estrada. Em 2022, no que se refere às pessoas do sexo masculino, somente 12,7% dos homicídios ocorreram nas residências.

Redução

Segundo o estudo, as taxas de homicídio feminino permaneceram estáveis entre os anos de 2019 e 2022. 

Neste último ano, 13 das 27 unidades da federação diminuíram suas taxas. As maiores reduções ocorreram no Tocantins (-24,5%), Distrito Federal (-24,1%) e Acre (-20,3%).

Na contramão, 12 estados registraram aumentos nas taxas de homicídio feminino. Três deles estão na Amazônia Legal, com a maior taxa de mortes por cem mil habitantes:  Roraima (10,4), Rondônia (7,2) e Mato Grosso (6,2).

Rastro do tráfico

O estudo estabelece estreita relação entre a expansão do tráfico de drogas e o aumento taxas de homicídio feminino

Um elemento que certamente tem pressionado para cima as taxas de homicídio diz respeito à expansão das facções criminais, sobretudo a partir da década de 2000, envolvidas em escaramuças pelo controle do varejo de drogas nas maiores cidades, e depois nas médias e pequenas cidades, num processo de interiorização. 

O estudo diz que ¨A partir da década de 2010, a disputa mais aguerrida por territórios e pelo controle do corredor internacional de narcotráfico, no Norte e Nordeste, entre as duas maiores facções do país e seus aliados regionais, fez estourar uma guerra intensa nos anos de 2016 e 2017. Nesse período, o número de mortes aumentou sobretudo nos municípios que cortam a região do Alto do Juruá, no Acre, e avançam por toda a rota do Solimões, chegando até as capitais nordestinas, quando a cocaína procedente da Bolívia e Peru¨.

Envelhecimento da população

No sentido contrário, atuando a favor da diminuição dos homicídios, pesquisadores demonstraram conexão entre a queda dos homicídios e a diminuição da proporção de jovens na população.

O estudo salienta que o processo de envelhecimento populacional entre as Unidades Federativas (UFs) se deu de forma heterogênea. O Sudeste avançou mais rapidamente pela transição demográfica e as UFs do Norte e Nordeste de forma mais lenta.

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