O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que as explosões registradas na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira (13), são um reflexo do clima de ódio político crescente no Brasil e não podem ser vistas como um “fato isolado”.

A declaração foi feita nesta quinta-feira (15), durante o VII Encontro Nacional do Ministério Público do Tribunal do Júri, realizado em Brasília. Moraes ressaltou que os atentados são parte de um contexto mais amplo, que inclui o discurso de ódio contra as instituições democráticas, especialmente o STF.

“Não podemos ignorar o que aconteceu ontem. O Ministério Público tem desempenhado um papel fundamental no combate ao extremismo que, infelizmente, se intensificou no Brasil nos últimos anos. Temos que continuar esse trabalho”, declarou o ministro.

Ele também fez uma análise mais ampla da situação, afirmando que, embora esperasse que o incidente fosse um “ato isolado”, o contexto atual do país é fruto de um movimento iniciado anteriormente.

“Esse contexto começa lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio‘ passou a espalhar discursos de ódio contra as instituições, contra o STF, contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros e suas famílias”, afirmou Moraes.

O ministro também destacou a distorção do conceito de liberdade de expressão: “Ofender, ameaçar e coagir não é liberdade de expressão, isso é crime”, completou.

Moraes afirmou que a Polícia Federal e o STF devem liderar as investigações sobre o ocorrido. O ministro, que já é responsável por relatar os inquéritos sobre os atos antidemocráticos no país, pode ser designado como relator também deste caso específico.

O ministro fez questão de reiterar sua posição contra a ideia de anistia a criminosos. “Não há possibilidade de pacificação do país com anistia a criminosos. O criminoso anistiado é um criminoso impune, e a impunidade gera mais agressividade, como vimos ontem”, afirmou Moraes.

Quem era o homem que se explodiu?

O homem que morreu na explosão próxima ao Supremo Tribunal Federal foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, ex-candidato a vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL) em Santa Catarina, onde recebeu 98 votos. Ele era o proprietário do veículo que explodiu nas imediações do STF, colocando Brasília em alerta máximo.

Wanderley morreu após explosão em frente ao STF. – Foto: Reprodução.

Wanderley era conhecido pelo seu apelido Tiu França. Ele havia alertado em suas redes sociais de que ia cometer um atentado.

“Vamos jogar? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardos… Vocês 4 são velhos nojentos. Cuidado ao abrir gavetas, armários, estantes, depósito de materiais, etc. Início 17:48 horas do dia 13/11/2024. O jogo acaba dia 16/11/2024. Boa sorte!”, escreveu Wanderley Luiz em imagem publicada no Facebook.

*Com informações de SBT News.