Com a aproximação das eleições de 2024, o discurso sobre “ideologia de gênero” voltou a ganhar força, alimentando debates acalorados.

Esse termo é frequentemente usado em contextos de discursos conservadores, que afirmam haver uma ameaça à família tradicional e à ordem social. Mas, afinal, o que é ideologia de gênero?

Para prosseguir, primeiro é importante entender os termos separadamente.

O que é ideologia?

A ideologia pode ser definida como um conjunto de ideias e opiniões sobre determinado assunto. Quando questionamos a ideologia de uma pessoa ou grupo, estamos nos referindo às suas crenças e posicionamentos diante de certos temas.

Ideologias podem também representar teorias que orientam as ações de indivíduos e instituições.

Por exemplo, uma ideologia religiosa dita um código de conduta para seus fiéis. Da mesma forma, escolas e partidos políticos seguem ideologias específicas, que orientam seus comportamentos e decisões.

O que é gênero?

Identidade de gênero refere-se à maneira como uma pessoa se identifica internamente. Essa identidade pode ser masculina, feminina, uma combinação de ambos ou nenhuma dessas categorias. A identidade de gênero pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento.

Gênero, portanto, é uma construção social, enquanto o sexo é biológico. Ao longo dos séculos, diferentes culturas impuseram papéis de gênero, definindo comportamentos “adequados” para homens e mulheres, com base nas expectativas sociais.

Afinal, o que é ideologia de gênero?

A expressão “ideologia de gênero” apareceu pela primeira vez em 1998, em uma nota da Conferência Episcopal do Peru, intitulada “Ideologia de gênero: seus perigos e alcances”. Desde então, o termo tem sido amplamente usado de forma pejorativa por setores conservadores da sociedade.

Esses grupos se opõem às iniciativas que promovem discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas. Eles temem que esses temas possam desviar as crianças e jovens dos “valores da família tradicional”.

Assista o vídeo e entenda a discussão

A discussão no Brasil

No Brasil, o debate sobre “ideologia de gênero” ganhou destaque em 2014, durante a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE) no Congresso Nacional. Na ocasião, a bancada evangélica conseguiu remover referências a gênero e sexualidade do texto, com o apoio de outras forças conservadoras.

Origem do conceito

A maioria dos estudiosos aponta que a expressão “ideologia de gênero” foi uma criação da Igreja Católica. Ela emergiu durante o papado de João Paulo II, que radicalizou o discurso da Santa Sé sobre moralidade sexual.

O pontífice defendia a heterossexualidade e o casamento entre homens e mulheres como pilares da sociedade, posicionando-se contra os movimentos feministas e os avanços nas discussões sobre gênero.

*Essa matéria compila informações do Brasil de Fato, Politize, Brasil Escola e ONG Arco, e Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

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