O Cerrado superou a Amazônia como o bioma mais devastado do Brasil, representando 61% do desmatamento total em 2023. A informação foi apresentada durante audiência pública realizada nesta terça-feira (9), no Senado.

A reunião, promovida pela  Subcomissão Temporária para Análise do Mercado de Ativos Ambientais (CMAATIVOS),  debateu a proteção da vegetação nativa no Brasil. Segundo os debatedores, a diminuição do desmatamento é uma das principais ações para proteger esses e outros biomas brasileiros das mudanças climáticas.

“Como estamos testemunhando, as mudanças climáticas já impactam a vida de todos nós ao redor do mundo. Portanto, é essencial encontrarmos medidas para protegermos a vegetação nativa remanescente do bioma Cerrado, sendo este, para mim, um exemplo diferenciado e importante”, afirmou o presidente da subcomissão, senador Jorge Kajuru (PSB-GO).

Ele explicou que existem diversos ativos ambientais para preservação da vegetação nativa.  Kajuru citou as cotas de reserva ambiental previstas no Código Florestal e os créditos de carbono no mercado voluntário. 

No caso do Código Florestal, aprovado em 2012, há três instrumentos básicos para a recuperação florestal: o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o Programa de Regularização Ambiental (PRA) e o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas e Alteradas (Prada). 

O CAR, em particular, é um cadastro obrigatório que fornece informações estratégicas para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento.

Refúgio

Durante a audiência, Elaine Barbosa da Silva, coordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás, explicou a importância do ecossistema existente no Cerrado. O bioma conta com mais de 2 milhões de quilômetros quadrados e uma posição central no Brasil e na América Latina. 

Por estar no centro, fazendo ligação com os demais biomas, o Cerrado virou um refúgio para diferentes espécies da biodiversidade de flora e fauna. 

“Nosso último dado aponta que, considerando o Cerrado como um todo, a gente já tem uma perda de mais de 50% da vegetação, e com isso a redução hídrica, os problemas climáticos que estamos vivenciando e a perda de biodiversidade”, afirmou Elaine.

A coordenadora acrescentou que a maior forma de desmatamento do Cerrado ocorre para formação de pastagens.  Segundo Elaine, hoje são aproximadamente 77 milhões de hectares de pastos e, aproximadamente, 23 milhões de hectares de agricultura.

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* Com informações da Agência Senado