Na manhã desta terça-feira (3), a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) recebeu a visita técnica da equipe e do coordenador da Companhia de Operações Ambientais (COA) da Força Nacional. A visita do COA faz parte de uma programação de visitas aos estados que integram a Amazônia Legal.

As atividades procuram promover fortalecimento de ações de segurança ambiental e apoio operacional. Além disso, a equipe ofereceu cursos e treinamentos para capacitar agentes da SSP-TO e alinhou estratégias com o Comitê Estratégico Estadual do Plano Amazônia.

Necessidade da visita

No ano de 2023, 47% da perda de vegetação nativa de todo país se concentrava em apenas quatro estados, o MATOPIBA. A sigla nasce como uma forma de representar os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que fazem parte da nova fronteira agrícola. No ano passado, o Tocantins saiu de 5º estado que mais desmata áreas de vegetação nativa, para 3º colocação, segundo dados do Relatório Anual de Desmatamento (RAD) do MapBiomas.

Ainda segundo o RAD, 97% do desmatamento ambiental no Brasil ocorreu devido a pressão do agronegocio. A região do MATOPIBA exemplifica essa dinâmica, com os estados atraindo investimentos para a produção em grandes latifúndios, sendo considerada a nova fronteira agrícola de soja, milho e algodão.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima que cerca de 4.800.000 hectares, equivalente a 6,72 milhões de campos de futebol, destinados ao plantio de soja, resultando em uma produção total de 18,5 milhões de toneladas na safra 2022/23, o que representa cerca de 12,3% do total produzido no Brasil na região do MATOPIBA.

Além disso, o RAD aponta que, em 2023, 93% da área desmatada do Brasil teve pelo menos um indício de ilegalidade.

O que é o MapBiomas

O MapBiomas é uma colaboração entre ONG’s, Universidades, laboratórios e startups de tecnologia que monitoram queimadas, desmatamentos e exploração ilegal de áreas florestáis brasileiras.

O MapBiomas opera de forma colaborativa, com instituições focadas em diferentes biomas e temas transversais, com o objetivo comum de gerar dados sobre o uso da terra e desenvolvida para integrar e acolher as contribuições da comunidade científica e de outros interessados em colaborar.

Pequena redução no desmatamento

No ano de 2024, o Tocantins registrou uma pequena redução no desmatamento em comparação ao mesmo período de 2023. Dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), indicam que a área desmatada caiu de 135,59 km² para 110,79 km² na comparação entre julho de 2024 e o mesmo mês de 2023.

Ainda, houve uma redução de 18,29% em julho e 15,22% no último quadrimestre, em comparação com os mesmos períodos do ano anterior. Para o secretário do Semarh, Marcello Lelis, a queda registrada no desmatamento se deve ao esforço conjunto do Governo do Tocantins, que tem atuado em várias frentes.

Consequências do desmatamento

O desmatamento descontrolado, assim como as queimadas que atingiram fortemente o Tocantins, são algumas das principais causas das variações climáticas cada vez mais comuns no Estado. Não só houve um aumento na quantidade de precipitação, como também houve um aumento na tempuratura média do verão. Em Palmas a média foi de 27,3ºC, cerca de 1ºC acima da norma climatológica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

Outro exemplo claro do impacto ambiental foi o calor extremo que afetou a região do Tocantins e o Brasil todo, durante o ano de 2024. No dia 5 de outubro, foram registradas temperatura de até 7ºC acima da média em diversas partes do Brasil, incluindo o Tocantins. Esse evento climático extremo resultou em algumas regiões com temperaturas máximas acima de 40°C.