A jovem Natália Fuhrmann, de 24 anos, denunciou que sofreu violência obstétrica antes e após o nascimento da filha no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), a principal Maternidade de Roraima.

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Conforme relato, ela deu entrada na unidade no dia 6 de março deste ano para dar à luz a criança.

A violência obstétrica começou com o exame de toque, que visa verificar a dilatação cervical.

“Os profissionais esquecem que ali está uma pessoa que sofre dor e eles apenas violentam. O exame causou uma dor horrível”, relembrou a paciente.

Além disso, Natália contou que no momento do exame, um dos profissionais que acompanhava o caso dela estourou a bolsa gestacional sem a autorização dela.

“Eles falam que vão fazer exame de toque e quando vemos o líquido está escorrendo, o que é uma violência. Chorei muito quando fizeram isso porque eu queria que minha bolsa estourasse de forma natural”, lamentou.

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Na manhã do dia seguinte, em 7 de março, a filha da paciente nasceu.

Conforme relatou, o parto ocorreu como imaginava, mas logo em seguida ela começou a sofrer diversos tipos de violências mais graves que acarretou o deslocamento do útero de Natália.

“A enfermeira chegou após eu ter tido o bebê e começou o procedimento de retirada de placenta. Ela mexeu e sentiu dificuldade, momento em que chamou o médico. Ele já entrou na sala de parto estressado por algum motivo. Eu falei que ele poderia fazer o procedimento, mas disse que estava com muita dor e exaustão, pois havia dado à luz há cinco minutos apenas”, contou a jovem.

A paciente detalha que o médico continuou apertando a barriga dela.

“Ele disse: ‘não vai dar, vou ter que entrar’. Senti ele colocando as gazes e a mão dele entrando dentro de mim de uma vez. Aquilo me assustou e fez eu sentir muita dor, porque ele começou a tirar a placenta”, detalhou.

O médico não conseguiu fazer a retirada do órgão fetal e solicitou o apoio de outros profissionais.

“Então chegou outra médica. Enquanto ele apertava minha barriga, ela estava com a mão dentro de mim tentando retirar a placenta à força. A dor foi tão intensa que fez eu desmaiar por diversas vezes”, disse a mãe.

Em um dos momentos que recobrou a consciência, Natália ouviu a médica debochando de seu estado.

“Ela debochava: ‘ai, ai, ela está prendendo minha mão aqui dentro’. Como eu conseguiria fazer isso naquela situação?”, questionou.

Violência Obstétrica seguiu

Após muitas tentativas, enfermeira que estava a acompanhando interveio e pediu que Natália fosse levada ao Centro Cirúrgico.

“Acho que eles perceberam o que estavam fazendo e recuaram. No caminho para o Centro, eu lembro de perceber metade da minha placenta para fora, não conseguia fechar a perna e sentia muita dor. Quando cheguei à sala, alguém questionou a médica sobre como eles tinham deixado aquilo acontecer e a resposta dela foi: eu consigo tirar essa placenta, ela que não deixa”.

Durante a cirurgia, foi constatado que a paciente teve descolamento do útero devido à força usada para tentar retirar o órgão.

A paciente ficou traumatizada com a situação e só conseguiu denunciar o caso de violência obstétrica após um mês por incentivo do noivo.

“Por mais que doa falar sobre isso, não podemos fingir que nada aconteceu. Precisamos agir para que os profissionais não se sintam confortáveis em agir dessa maneira e fiquem impunes. Isso serve para evitar o sofrimento de outras mães”, concluiu.

Natália e o noivo denunciaram o caso de violência obstétrica nas Ouvidorias da Saúde Estadual e pretendem relatar a situação ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e demais órgãos competentes.

O que diz a Saúde

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou tomou conhecimento dos fatos relatados por meio da imprensa e que já pediu a apuração da denúncia.

“Dessa forma, o corpo técnico avaliará todos os procedimentos realizados e tomará as medidas cabíveis, caso seja constatada alguma irregularidade no atendimento”, disse em nota.

Por fim, a Sesau afirmou que, assim que for finalizada toda a apuração, vai se pronunciar sobre o caso de violência obstétrica.