O ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) defendeu a retomada do julgamento do governador de Roraima Antonio Denarium (Progressistas), acusado de abuso de poder econômico e crimes eleitorais.

“Essa incerteza leva o estado de Roraima a viver a bagunça que está vivendo. A população está sendo prejudicada. O TSE tem que ter a responsabilidade de votar”, ressaltou.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia prometido voltar a examinar o caso após o segundo turno das eleições municipais, mas, até agora, o processo permanece parado.

Em entrevista exclusiva ao Grupo Norte de Comunicação, Jucá destacou que a situação de instabilidade política têm afetado diversas áreas.

“Vira uma bagunça por todos os lados. Tudo vai ficando para depois e a situação vai piorando. Temos o comandante da Polícia Militar vendendo arma para garimpeiro, a Secretaria de Saúde que não sabe mais o que fazer para esconder tantas irregularidades, a maior grilagem de terra da Amazônia, a educação de péssima qualidade”, elencou.

Indígenas

O ex-senador ainda citou o encontro do líder dos Yanomami, Davi Kopenawa, com a ministra Carmen Lúcia, na semana passada. Metade da população que vive no estado de Roraima é indígena.

Na reunião, Kopenawa cobrou ações de combate ao garimpo ilegal e pediu celeridade no processo do julgamento da cassação de Antônio Denarium.

“Vimos um dia desse o líder indígena ir na Carmen Lúcia e dizer: ‘a senhora está apoiando um governador que apoia o garimpo, que a irmã estava metida no garimpo Yanomami, que tem os sobrinhos presos por tráfico de drogas em Roraima”, comentou Jucá.

Futuro político

Para o ex-senador, o futuro político de Roraima depende do julgamento de Denarium.

“Nós temos que definir: queremos um estado modelo onde as coisas aconteçam com responsabilidade/ seriedade, ou um estado onde o crime compensa? Onde é melhor comprar voto do que trabalhar na política?”, refletiu.

De acordo com ele, o ano de 2025 vai ser decisivo para o estado. “A sociedade de Roraima não merece o que está acontecendo. Independente de quem vai ser o próximo governador ou governadora, temos que ter um quadro definido dessa situação”, concluiu.

Julgamento

A cassação do mandato de Antonio Denarium está relacionada ao abuso de poder econômico nas eleições de 2022.

Esse abuso se refere à distribuição de cestas básicas e cartões de crédito através de programas sociais, que foram usados em quantidade significativamente maior do que nos anos anteriores ao período eleitoral de 2022.

Logo após a leitura da relatoria e explicação das defesas, a presidente do TSE, Cármen Lúcia, decidiu adiar o julgamento para outra data.