A substância, criada por pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia ETH Zurich, decompõe o álcool no trato gastrointestinal antes de entrar na corrente sanguínea, conforme um estudo publicado na revista Nature Nanotechnology.
Os pesquisadores testaram o gel em animais sem efeitos adversos. Espera-se que o produto também diminua os efeitos nocivos e intoxicantes do álcool em humanos, como explicou o líder da pesquisa, Raffaele Mezzenga, à agência de notícias Keystone-SDA.
“Nossa tecnologia pode apresentar uma nova solução na luta contra o problema global do abuso de álcool”, afirmou o pesquisador.
O gel é feito de proteínas de soro de leite. No trato gastrointestinal, ele converte o álcool em ácido acético sem produzir subprodutos prejudiciais ao corpo.
Os pesquisadores também consideram o uso do gel em situações recreativas, disse Mezzenga. No entanto, é necessário realizar mais testes para utilizar a substância em humanos.
Embora o gel seja eficaz no trato gastrointestinal, ele não é útil em casos de intoxicação alcoólica nem reduz o consumo de álcool após entrar na corrente sanguínea.
Isso ocorre porque o acetaldeído, formado durante o metabolismo do álcool no fígado, é tóxico e está associado a vários problemas de saúde causados pelo consumo excessivo.
Consequências do álcool
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o abuso de álcool contribui para mais de 5% da carga global de doenças e lesões. Além disso, prejudica o funcionamento do cérebro e impacta diversos outros órgãos.
Em 2016, cerca de 3 milhões de pessoas morreram devido ao consumo de álcool, conforme relatado pela OMS. Esses números se referem apenas aos dependentes.
Os índices aumentam quando consideramos os riscos que o álcool representa para toda a sociedade. Acidentes de trânsito, violência doméstica, problemas no local de trabalho e conflitos familiares são algumas das consequências e possíveis causas de morte relacionadas ao consumo excessivo de álcool.
O que é alcoolismo?
O alcoolismo é uma condição caracterizada pela dependência do indivíduo ao álcool. De acordo com o hospital Albert Einstein, 10% da população brasileira enfrenta esse vício. As mulheres representam 30% dos casos, enquanto os homens são a maioria, com 70%.
O diagnóstico de alcoolismo é estabelecido pela presença de um desejo persistente, incontrolável e progressivo de consumir bebidas alcoólicas. Não está relacionado ao tipo ou quantidade de álcool consumido, mas sim à capacidade de controlar o consumo.