O paciente Paulo Peregrino, de 61 anos, tratado no Centro de Terapia Celular com as próprias células de defesa modificadas em laboratório, voltou a andar após quase três meses de tratamento.

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O publicitário combatia o câncer há mais de 10 anos e teve remissão completa em um mês.

Nele foi utilizado a técnica de ‘CAR-T Cell’, terapia que combate a doença com as próprias células de defesa do paciente, modificadas em laboratório.

De acordo com depoimento, Paulo também caminha por onde está vivendo agora, na capital paulista, enquanto segue em acompanhamento médico.

O paciente também está focado no projeto do livro que irá contar a trajetória na luta contra a doença.

“Quero inserir dados com ajuda da minha esposa, ver fotos e separá-las por datas. Já são 55 páginas”, disse.

Paulo é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular.

O procedimento foi adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, desde 2019.

A terapia é estudada para 3 tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo.

Além disso, os pacientes aceitos no método tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. 

A técnica faz parte de uma pesquisa com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Terapia celular introduzida no SUS

Atualmente, o procedimento no Centro de Terapia Celular é feito quando o paciente se encontra em estágio avançado da doença e os médicos conseguem autorização para a aplicação do método.

A técnica é utilizada em poucos países. No Brasil, neste segundo semestre, 75 pacientes devem receber o CAR-T Cell com a verba pública após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o estudo clínico.

A terapia só existe na rede privada brasileira, custando ao menos R$ 2 milhões por pessoa.

“Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período de tempo”, diz Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, que desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia.

Versão brasileira da terapia celular

O grupo de pesquisa do Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto desenvolveu a versão brasileira dessa tecnologia, e somente o Brasil utiliza a técnica em toda a América Latina.

Em 2021, o grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan e foram instaladas duas fábricas no estado de São Paulo.

Uma está localizada na Cidade Universitária, em São Paulo, e outra no campus universitário de Ribeirão Preto com a capacidade de produção inicial de 300 tratamentos por ano.

“Este estudo clínico custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Recentemente, apresentamos o projeto ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar essa importante tecnologia no país, que poderá iniciar uma nova indústria de biotecnologia”, completou.

A previsão é a de que o estudo comece em agosto deste ano.

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