A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, nesta quinta-feira (11), que o Supremo Tribunal Federal (STF) abra um inquérito para investigar os diretores do Google e do Telegram no Brasil que tenham participado da campanha contra o chamado PL das Fake News.

O caso está sob sigilo no STF e deve ser analisado pelo ministro Alexandre de Moraes.

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O pedido ocorre após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), acionar a PGR com uma notícia-crime afirmando que as duas empresas têm realizado “contundente e abusiva “ação contra a aprovação do Projeto de Lei n. 2.630/2020.

À PGR, Lira afirma que as empresas atuaram para resguardar interesses econômicos e “têm lançado mão de toda sorte de artifícios em uma sórdida campanha de desinformação, manipulação e intimidação, aproveitando-se de sua posição hegemônica no mercado”.

O parlamentar disse ainda que ao dispararem mensagens em massa contra a PL das Fake News, Google e Telegram incentivaram os usuários a pressionarem os deputados.

Na avaliação da Câmara, a ação das empresas pode configurar crimes contra as instituições democráticas, crimes contra a ordem consumerista e crimes contra a economia e as relações de consumo.

Ao requerer abertura de inquérito, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, afirmou que é preciso esclarecer as condutas narradas por Arthur Lira.

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“O cenário fático narrado aponta para a existência de elementos de informações mínimos da prática de conduta delituosa que fundamentam a possibilidade de instauração de procedimento de investigação”, escreveu a vice-PGR.

Diante desse cenário, a PGR pediu que os diretores das duas empresas sejam ouvidos e que também tenha a preservação, extração e juntada, mediante elaboração de laudo pericial, de todas as postagens, publicações e mensagens.

Tanto o Google quanto o Telegram ainda não se manifestaram sobre a decisão do órgão.  

Mensagem do Google sobre PL 2630

Após a notificação do MPF, as empresas agora têm um prazo de 10 dias para responder às demandas - Foto: Reprodução da Página principal do Google
Google incluiu o texto “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil” na página principal do buscador – Foto: Reprodução/Google

No começo deste mês, o Google incluiu o texto “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil” na página principal do buscador.

O artigo é assinado pelo diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da empresa no Brasil, Marcelo Lacerda.

A ação gerou uma série questionamentos sobre as Big Techs por abuso de poder econômico.

O Ministério Público Federal de São Paulo notificou o Google pela prática e a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) abriu um processo para apurar suposta prática abusiva do Google contra o PL das Fake News.

Telegram e a PL das Fake News

Mensagem do Telegram aos usuários. Foto: Ana Paula Freire/ Portal Norte

Na última terça-feira (9), o Telegram enviou uma mensagem aos seus usuários se posicionando contra a PL das Fake News.

O início do texto enviado pela plataforma dizia que “a democracia do Brasil está sob ataque”.

Por conta disso, nesta quarta (10), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou ao Telegram a exclusão de uma mensagem enviada aos usuários contra o projeto.

O ministro determinou ainda que fosse enviada uma mensagem de retratação. O Telegram acatou a decisão de Moraes, retirou a mensagem do ar e enviou novo conteúdo.  

Telegram retira mensagem do ar e retrata aos usuários. Foto: Ana Paula Freire/ Portal Norte