Ao Norte Entrevista, ator reflete sobre Teatro, Televisão, Carnaval, Democracia e Cultura.

O Castelo Rá-Tim-Bum é o maior programa educativo da televisão brasileira.”

Vocação para representar

A criança é uma folha em branco, o que você quiser que ela faça, ela faz, é tudo lúdico, há liberdade de pensamento, de invenção. Na escola, incentivado pela professora, gostava de ficar no pátio interpretando poemas.

De bancário a ator

Concursado, Pascoal trabalhava no Banco do Brasil, sem, contudo, deixar de trabalhar com teatro.

Um dia, há mais de 40 anos, fui à direção geral em Brasília conversar com um dos três presidentes do banco. Disse a ele que queria continuar no banco, que iria trabalhar no teatro, mas qualquer filme ou peça só iria ter o nome do Banco do Brasil.”

Dr. Abobrinha

Fazia locução na TV Cultura, soube por um amigo que estavam fazendo testes de elenco para o Castelo Rá-Tim-Bum, e eu quis fazer. Fui e o Cao Hamburger (diretor geral) disse que estavam pensando num personagem. Fiz o teste, passei e desenvolvemos o “Dr. Abobrinha”.”

Personagem salvou ator de assalto

Ator passou por uma situação muito angustiante em 2014. Porém, o “Dr. Abobrinha” o salvou.

Estava dentro do carro estacionado na rua, saindo de casa, e uma moto veio na contramão. O motociclista colocou uma arma pela janela do carro, anunciou o assalto e ficou me olhando. Quando fui pegar a carteira na mochila, ele perguntou o que eu fazia. Disse que era ator e ele me reconheceu: “Dr. Abobrinha, continue alegrando as crianças.” E foi embora sem levar nada. Eu comecei a chorar.”

Mario de Andrade

O ator personificou Mario de Andrade (1893-1945) no teatro e na minissérie “Um Só Coração” (2004).

“Descobri que era parecido com o Mario quando saiu uma nota de quinhentos mil cruzeiros com o retrato dele. Depois vi que nascemos no mesmo dia, mas as semelhanças pararam aí. O teatro é a minha universidade. Trabalhei com o Zé Celso Martinez Corrêa, que dizia que um personagem precisa ter “verdade interior”. Mario de Andrade era um artista que dedicou sua vida à cultura.”

Carnaval 2024

Neste ano, Pascoal da Conceição saiu como Mario de Andrade na comissão de frente da Mocidade Alegre, que venceu o carnaval paulistano.

“Quando fui para o desfile, o motorista que me levou começou a criticar o Carnaval, dizendo que era uma coisa alienada. Disse a ele que o Carnaval era para a gente lembrar que é com alegria que a gente vence as coisas, que é importante a gente trabalhar com alegria. Se tiver alegria, tá certo.”