Em discurso na COP 28 neste sábado (9), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva afirmou que é inadiável desacelerar os investimentos e o uso de energias fósseis, e que o esforço é de todos, mas que os países desenvolvidos devem liderar esse processo.

“Se por um lado é clara a necessidade de que todos os países coloquem o pé no acelerador das energias renováveis, por outro, precisamos fazer inadiável e simultâneo esforço de países produtores e consumidores para tirar o pé do acelerador das energias fósseis”, disse Marina, que chefia a delegação brasileira.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

No painel interministerial sobre ambição climática, Marina reforçou a cobrança pela “descarbonização urgente” feita pelo presidente Lula no primeiro dia da conferência. É necessário, disse ela, “eliminar o mais rápido possível a dependência de nossas economias dos combustíveis fósseis”.

O esforço para a transição deve ser coletivo, argumentou Marina, mas os países desenvolvidos têm a responsabilidade de liderá-lo. Para coordenar o processo, ela defendeu a criação de uma instância de negociações e debates na Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC).

“Alcançar o objetivo do 1,5ºC impõe desafios inéditos, que exigem resposta coletiva igualmente inédita, acompanhada de mobilização sem precedentes, em velocidade e escala, dos meios de implementação para ação climática em países em desenvolvimento”, destacou a ministra.

“Os anos até 2030 são a última oportunidade para enfrentar a mudança do clima”, declarou Marina. Segundo ela, é necessário união para “nos colocar em um patamar civilizatório mais justo, solidário e seguro”.

Segundo Marina Silva, a ação coletiva é capaz de influenciar países com melhores condições para enfrentar a emergência climática a criar um acordo de aceleração de recursos financeiros e tecnológicos para dar maior velocidade à mitigação e à adaptação. Para ela, “não há mais que falar em soluções isoladas”.

“A década 2021-2030 representa a última janela de oportunidade para enfrentar a mudança do clima, garantindo um futuro mais seguro para a humanidade. O sinal de alerta está tocando continuamente”, declarou a ministra.

O sucesso da COP30, que o Brasil realizará em Belém, no Pará, em 2025, dependerá do sucesso do Global Stocktake em Dubai. Trata-se do inventário dos avanços realizados desde o Acordo de Paris, de 2015, com resultados de ações climáticas e identificação de lacunas e possíveis soluções.

“O balanço deve estar alinhado com o 1,5ºC, limite para evitar uma catástrofe, em todas suas dimensões”, ponderou Marina Silva.

Entre elas, ações pré-2030, recomendações para futuras metas climáticas e um objetivo global de adaptação de acordo com os riscos reais, em particular para as populações mais vulneráveis.

“Todos teremos que fazer concessões. Mas essas concessões não podem comprometer o compromisso de 1,5°C. Precisamos entendê-las como demonstração de nosso compromisso para mudar, evitando o caos que já se aproxima”, finalizou a ministra.

RELACIONADAS

+ Guajajara reforça compromisso do Brasil para proteger as florestas

+ COP 28: MME debate a estratégia brasileira para o hidrogênio