O julgamento da fuga do Barra da Grota é uma das mais longas e marcantes sessões do Tribunal do Júri já registradas no Estado do Tocantins. A sentença dos 15 réus envolvidos na rebelião do presídio, ocorrida em 2018, continua a atrair a atenção da população.

Desde o último dia 11, cerca de 56 pessoas, entre testemunhas, vítimas dos crimes e os próprios réus, foram ouvidas no processo que segue em curso.

No oitavo dia de trabalhos, nesta segunda-feira (18), as alegações finais da acusação e da defesa ocuparam os períodos da manhã e tarde, respectivamente.

A expectativa é que, já nesta terça-feira (19), os jurados iniciem a votação, decidindo pela condenação ou absolvição individual de cada réu.

Representando o Ministério Público do Tocantins (MPTO) na acusação, três promotores de Justiça – Daniel José de Oliveira Almeida, Breno de Oliveira Simonassi e André Henrique Oliveira Leite – têm sustentado que os detentos agiram de forma coordenada, planejando meticulosamente a fuga.

A acusação também alega que, durante o processo de evasão, os detentos cometeram uma série de crimes, incluindo sequestro e tentativa de homicídio.

O caso, que ficou conhecido como a maior fuga em massa de presidiários no Estado do Tocantins, ganhou notoriedade nacional pelas imagens dos detentos percorrendo as ruas em grupo, utilizando reféns como escudos humanos, entre eles uma professora que lecionava no presídio.

Vale lembrar que, em outubro de 2023, quatro dos envolvidos já haviam sido julgados em uma sessão que durou seis dias, recebendo penas que variam de 46 a 82 anos de reclusão.

Inicialmente, o julgamento envolveria 19 réus, porém, a pedido da Defensoria Pública e de um advogado de defesa, os processos de 15 acusados foram desmembrados, levando ao julgamento desses indivíduos somente agora.

Relembre o caso

O episódio que culminou na fuga do Barra da Grota em outubro de 2018 foi marcado pela audácia dos detentos.

Utilizando um buraco feito em uma cela, 28 presos conseguiram escapar da Unidade de Tratamento Penal, utilizando cinco reféns como escudos humanos, incluindo uma professora e funcionários da unidade.

Presos fogem e andam pelas ruas de Araguaína — Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Armas de fogo e facas artesanais foram utilizadas no momento da fuga, que resultou em confronto com a polícia, resultando na morte de nove dos fugitivos, incluindo o líder do grupo, Valdemir Gomes de Lima, conhecido como “Caranguejo”.

Os demais fugitivos foram recapturados em momentos distintos e agora enfrentam o processo movido pelo Ministério Público, que busca responsabilizá-los pelos crimes cometidos durante a fuga do presídio.