Na última sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu uma resolução importante: a proibição da manipulação, comercialização, propaganda e uso do chip da beleza, também conhecido como implante hormonal manipulado.

Esses dispositivos, feitos em farmácias de manipulação, misturam diferentes hormônios, muitas vezes sem a devida avaliação de segurança, o que gerou preocupação na comunidade médica.

O chip da beleza ganhou popularidade nos últimos anos, principalmente entre mulheres que buscavam soluções estéticas rápidas. Ele era amplamente utilizado para melhorar a aparência, acelerar o ganho de massa muscular, combater a fadiga e até aliviar sintomas da menopausa.

No entanto, a ausência de comprovação científica sobre a segurança e eficácia do uso desse tipo de implante para essas finalidades levantou sérias questões de saúde pública.

Denúncias e riscos à saúde

A decisão da Anvisa veio após uma série de denúncias feitas por entidades médicas, entre elas a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Segundo os relatos, houve um aumento expressivo no número de pacientes apresentando complicações graves após o uso do chip da beleza.

Entre as substâncias presentes nos implantes hormonais estavam hormônios como a gestrinona, testosterona e oxandrolona, todos classificados como anabolizantes e sujeitos a controle rígido.

O uso indiscriminado desses hormônios pode desencadear diversos problemas de saúde, como o aumento de colesterol e triglicerídeos no sangue (dislipidemia), elevação da pressão arterial, risco de acidente vascular cerebral (AVC) e arritmias cardíacas.

Além disso, muitos pacientes relataram efeitos colaterais visíveis, como crescimento excessivo de pelos (hirsutismo), queda de cabelo (alopecia), surgimento de acne, mudanças no tom de voz (disfonia), além de insônia e agitação.

Esses efeitos adversos, somados ao aumento no número de casos relatados, culminaram na decisão da Anvisa de suspender o uso e a comercialização do chip da beleza. A agência também emitiu um alerta, destacando que esses implantes hormonais, quando utilizados para fins estéticos ou de desempenho físico, representam sérios riscos à saúde.

A falsa promessa do chip da beleza

Apesar da popularidade do chip da beleza nas redes sociais, onde muitas pessoas compartilhavam suas experiências positivas, a verdade é que ele não possuía aprovação da Anvisa para as finalidades para as quais era amplamente divulgado.

Os relatos de ganhos rápidos em termos de performance física e melhora estética acabaram atraindo muitas pessoas, mas os riscos associados ao seu uso não eram discutidos com a mesma frequência.

A Anvisa destacou que esses implantes têm sido manipulados para tratar sintomas como cansaço, fadiga e menopausa, sem que houvesse comprovação de eficácia para essas condições. O uso do chip da beleza com o objetivo de melhorar a aparência ou aumentar a massa muscular não é reconhecido pelos órgãos regulatórios, e o Conselho Federal de Medicina (CFM) também proíbe a prescrição desse tipo de implante para essas finalidades.

O que fazer agora?

Com a proibição em vigor, a orientação das autoridades de saúde é clara: qualquer pessoa que tenha usado o chip da beleza ou esteja pensando em usar deve procurar um médico imediatamente para avaliar possíveis complicações. Além disso, é importante evitar a automedicação e o uso de substâncias hormonais sem orientação médica.

O uso inadequado de hormônios pode causar danos irreversíveis ao organismo, e o chip da beleza representa um exemplo claro de como procedimentos aparentemente inofensivos podem ter consequências sérias para a saúde. Portanto, é fundamental que as pessoas busquem informações seguras e consultem profissionais de saúde antes de tomar decisões relacionadas ao uso de implantes hormonais.