O Tenente-Coronel Cláudio Falcão, Coordenador Municipal da Defesa Civil, explica a situação das enchentes no Acre neste episódio do Norte Entrevista.

O Rio Acre atingiu a marca de 17,86m. É a segunda maior enchente de Rio Branco desde a de 2015, em que o nível do rio atingiu a marca de 18,40m.

A capital teve 48 bairros e 18 comunidades rurais atingidos pela cheia. Mais de 4,6 mil pessoas precisaram deixar suas casas, segundo a prefeitura da capital. De acordo com o boletim, cerca de 184 famílias estão abrigadas em 10 escolas da capital, num total de 600 pessoas, e no Parque de Exposições Wildy Viana há 800 famílias, com o que se estima que mais de 4 mil pessoas estão lá alojadas.

O Acre está enfrentando enchentes históricas, e 19 das 22 cidades decretaram estado de emergência devido à cheia de rios e igarapés. Com isso, mais de 27 mil pessoas se encontram fora de casa. 

Medidas tomadas pelo governo para enfrentar a situação

Segundo o Tenente-Coronel Cláudio Falcão, “Sempre que acontece um desastre dessa natureza, imediatamente nós colocamos em prática o nosso plano de contingência, que já é um planejamento antecipado. E a primeira coisa que nós fazemos é intensificação de ações de defesa civil. Ou seja, intensifica-se o monitoramento, verifica-se inclusive as famílias que estão suscetíveis a retiradas a partir do momento que o rio transborda ou os rios transbordam.”

União entre as três esferas de governo

Segundo o Tenente-Coronel Cláudio Falcão, é importante que as três esferas de poder estejam unidas. “Aqui no estado do Acre nós estamos com 19 municípios em situação de emergência, onde todas as prefeituras iniciam socorro, a partir daí aciona-se quando se extrapola o socorro do município, o governo do estado e posteriormente o governo federal. Então aqui no nosso estado, em relação a Rio Branco, nós iniciamos todas as ações pela prefeitura municipal.”

Governo Federal libera ajuda humanitária

“O Governo Federal liberou recursos de mais de R$20 milhões para assistência humanitária aos municípios, que serão empregados totalmente na ajuda humanitária. Essa ajuda humanitária é que leva alimentos, água, colchões, kit limpeza, kit higiene e kit dormitório para as famílias atingidas”, afirmou o tenente-coronel.

 Desafios enfrentados na alagação

O coordenador da defesa civil ressalta que “Acontecimentos dessa natureza são sempre um grande desafio e que nós encontramos de toda a ordem, até mesmo porque nós temos socorro 24h. Então, o primeiro desafio é a questão do atendimento noturno. Quando a luz natural vai embora o socorro fica prejudicado e todas as equipes têm que estar muito preparadas para não se colocar em risco e perigo. Isso são dificuldades que nós enfrentamos. Outra questão é o acesso à zona rural, por exemplo, que é difícil. 

 Recomendação aos afetados pelos desastres

Cláudio Falcão explica que existem 3 categorias de pessoas nessas situações de cheias que se dividem entre desabrigados, desalojados e pessoas que permanecem na residência, essas pessoas que permanecem em casa e que não saem correm diversos riscos. Segundo ele, “Tudo são sinais de perigo e as pessoas precisam preservar a sua segurança uma vez que elas preferem permanecer naquele local. Repito mais uma vez, nós não queremos retirar absolutamente ninguém contra a sua vontade, mas diante de uma análise de risco e que esse risco possa afetar a vida dessa pessoa, nós retiraremos mesmo, infelizmente, contra a vontade dela, em nome da segurança dela e dos seus familiares.”

Alerta para quem se aventura a tomar banho no rio

Muitas pessoas em épocas de cheia dos rios se aventuram a entrar na água. A recomendação e o alerta feito é para evitar afogamentos e mortes. “Nesse momento ninguém consegue diferenciar o que é rua e o que é rio. Então a partir do momento que você adentra ali, você pode sofrer um afogamento. O afogamento é lógico que tem seis graus e nem todo afogamento leva à morte.”

Emergências Climáticas e os desastres naturais

Segundo Cláudio Falcão, o país vive uma situação de emergências climáticas devido os últimos acontecimentos de desastres naturais. “A antepenúltima enxurrada que nós tivemos no município de Rio Branco foi em 2004, a próxima aconteceu em 2021, nós tivemos um lapso temporal de 17 anos, bem grande, só que a seguinte já aconteceu dois anos depois, foi em 2023, e a próxima aconteceu neste ano 2024. Percebam a diminuição de tempo que está acontecendo de uma coisa para outra, por isso não é mais mudança climática, mas emergências climáticas.” 

Situação e as respostas do governo

O tenente-coronel finaliza dizendo: “Para não acontecer é preciso que os governos se atualizem, começam a ter mais esforços, unir inclusive esforços em conjunto e não deixar apenas um ente fazendo sozinho, juntando essas forças, assim nós teremos efetividade e conseguiremos combater diretamente a causa e não seus efeitos.”