Pelo menos três pessoas ficaram feridas após serem atacadas por piranhas no Balneário da Vovó, no Tarumã-Açu, Zona Oeste de Manaus.

O ataque ocorreu durante o feriado do Dia do Trabalho, na segunda-feira (1º).

O Portal Norte conversou com uma das responsáveis pelo balneário, que apontou possível causa do incidente.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Elda Da Silva Ramos revelou que vários banhistas chegaram a jogar restos de comida no rio no intuito de atrair peixes e pescá-los.

“A gente não espera que isso vai acontecer. Estavam jogando comida no rio justamente pra atrair, pra pescarem. Acho que teve uma pessoa que ainda pegou duas piranhas”, afirmou.

Ao ser questionada sobre a presença comum de piranhas no local, Elda disse que no ano passado, nesta mesma época de cheia dos rios, houve ataque a duas pessoas.

“Foi ano passado, atingiu duas pessoas. Foi no mesmo período, no mesmo período que aconteceu esse ano, na enchente”, declarou.

Em relação às vítimas, a proprietária do local disse que foram prestados os primeiros-socorros e os banhistas tiveram ferimentos leves.

Doutor Edinbergh Caldas de Oliveira, professor e pesquisador do Laboratório de Ecologia Aquática e Biodiversidade da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) - Foto: Aquivo pessoal sedido ao Portal Norte
Dr. Edinbergh Caldas de Oliveira, professor e pesquisador do Laboratório de Ecologia Aquática e Biodiversidade da Ufam – Foto: Aquivo pessoal cedido ao Portal Norte

Piranhas na Bacia Amazônica

De acordo com o Dr. Edinbergh Caldas de Oliveira, professor e pesquisador do Laboratório de Ecologia Aquática e Biodiversidade da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Especialista em Ecologia de Peixes Amazônicos, o ataque de piranhas não é comum no período da cheia.

Para ele, a presença desse tipo de predador pode ocorrer por algumas situações, tendo em vista que a bacia amazônica abriga diversas espécies de piranha. Próximo da capital há registro de 20 espécies, segundo ele.

“Muitas vezes os ataques ocorrem em lugares calmos, em praias que foram desviadas curso do rio, com isso, essas piranhas tende a fazer ninho num lugar que antes não faziam. Outra questão é a poluição, as pessoas, às vezes, jogam resto de comida no rio, além das secreções do corpo de um modo geral. Essas curvas mudam o ecossistema aquático”, informa.

O pesquisador afirma também a agitação diferente das pessoas se banhando, além das secreções do corpo dos humanos, fazem com que as piranhas se sintam atraída para o local.

Nos últimos cinco anos foram registrados cinco ataques na Região Metropolitana de Manaus.

Os ataques foram registrados no Açutuba e em flutuantes do Tarumã.

Não há confirmação sobre qual espécie teria atacado os banhistas no feriado, mas alguns perfis em redes sociais especularam sobre alguns tipos.

Um deles poderia ser a piranha preta (Serrasalmus rhombeus). Um outro tipo citado é a piranha branca (serrasalmus gouldingi).

Edinbergh lembra que a piranha não nada em cardume e que costuma ficar em locais calmos.

Como cuidar dos ferimentos

O pesquisador destaca a importância de tratar o ferimento logo após a ocorrência para evitar contágio por tétano e outras bactérias.

“Ir imediatamente ao posto de saúde, esterelizar a área onde ocorreu o ferimento com antisséptico, água oxigenada, éter ou álcool, algum componente que evite a infecção por bactérias”, relatou.

O pesquisador ressalta que, quando possível, é importante também fazer o registro ou até mesmo a captura do peixe e entrar em contato com pesquisadores.

“Nos postos de atendimentos médicos são poucos registrados, porque existem poucos registros nos últimos 5 anos, é importante desmistificar essa questão e tomar os cuidados necessários de se evitar alterar os ambientes que são utilizados por banhistas”, lembra.